sábado, 26 de março de 2011

Ensinando sobre economia a um economista, e sobre racismo a um herói negro dos direitos civis

Estou aqui vendo a surra que Luis Fernando Silva Pinto levou ao entrevistar o professor Walter Williams, da George Mason U. Eis um trecho do comentário do repórter à entrevista, no site:
Williams é um conservador convicto. Acha que pessoas, grupos, países inteiros, têm sucesso exatamente quando enfrentam os maiores obstáculos.
Eu acho que não precisa ser conservador prá aceitar isso. E outros dois comentários do repórter, dirigidos ao professor Williams:o primeiro, de que os negros não precisariam de ações afirmativas nos esportes porque possuem uma vantagem genética, mas precisam de ações afirmativas em geral porque são economicamente desfavorecidos - ele deixa escapar uma "progressão intelectual" para comparar com a "progressão genética". O professor finge não perceber o tom condescendente da afirmação.

O segundo comentário é uma pergunta: se um negro não teve educação quando criança, nem escola de ensino médio ou uma faculdade, como pode competir? Ao que o professor responde que o que é necessário é a igualdade de oportunidades - ou seja, o problema é a falta de acesso à educação, e não se corrige isso com outra desigualdade.

E Williams ainda mostra pra ele como ações afirmativas em larga escala (o governo forçando bancos a fazer empréstimos a quem não tinha condições de devolver o dinheiro) foram responsáveis pela crise que o repórter acha ser culpa da falta de regulamentação. Ao final começa a ficar ridículo, com o repórter querendo corrigir o professor. Não se pode esperar muito de um repórter que abre o programa sugerindo que o direito à propriedade privada é algo exótico. Ou que define sua entrevista como uma "esgrima" onde seu oponente é tão inflexível quanto um muro.

Avise-me quando alguém conseguir mudar a opinião do entrevistado ao longo de uma reportagem. Mas é boa prática ao menos tentar entender o que o entrevistado está dizendo, principalmente quando o entrevistado conhece mais do que você sob todos os aspectos.

(update: entrevista disponível no Youtube, e os links acima foram modificados em abril de 2012 para refletir as mudanças no site da Globo)

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