terça-feira, 30 de novembro de 2010

Alguns comentários sobre jornalismo - e educação - no Brasil

O Estadão publicou agora algumas reportagens comentando um novo curso de jornalismo. Tem cara de infomercial, mas ainda assim alguns comentários são interessantes. O primeiro comentário é do Eugênio Bucci:
“Talvez a gente tenha ficado muito tempo preocupado em debater se o ensino de Jornalismo deveria ser obrigatório e esqueceu de discutir se ele é bom”, diz o coordenador da pós da ESPM, Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás, doutor pela ECA-USP. “Se você vai a um dentista, advogado, médico, vai valorizar se ele dá aulas, se tem pós. Com o jornalista é a mesma coisa.”
O outro é de Roberto Civita:
No Brasil não tem endowment. Você não pode dar dinheiro para uma universidade dizendo onde gastar. Foram seis meses de trabalho até encontrar uma fórmula. Montei um instituto, que fez acordo com a escola. Tem outra complicação. No Brasil, você paga imposto para fazer qualquer doação a universidade, hospital, museu. É tratado, do ponto de vista fiscal, exatamente como uma herança. (...)

Nos Estados Unidos, quanto mais você doar, maior o crédito no Imposto de Renda. No Brasil, é tudo complicado. Deveríamos mudar a legislação.
Há também esse artigo do Gustavo Chacra (que tem um blog no Estadão):
Um “cientista que saiba escrever” é melhor do que “um jornalista que entenda de ciência”, como na provocação lançada pela revista The Economist? A diretora da escola de Jornalismo da Universidade Columbia, Perri Klass, prefere a cautela: depende do caso. “Muitas das melhores reportagens de ciência que li foram escritas por repórteres que não tinham uma formação específica sobre a área que estavam escrevendo.” Perri sabe do que está falando. É colunista do New York Times, mas se formou em Medicina na Universidade Harvard antes de migrar para o Jornalismo.

Nos Estados Unidos, as principais escolas têm foco na pós-graduação de Jornalismo, e não na graduação. Em geral, os alunos estudam em outras áreas antes da formação específica. Existe graduação em Jornalismo no país, mas a formação costuma ser paralela, com o estudante cursando Jornalismo e Ciência Política, por exemplo.
E uma entrevista com Carlos Eduardo Lins da Silva:
A [cultura] brasileira é mais do jeitinho, do improviso. E lá, se você pudesse dizer como é o americano, ele é mais organizado, mais metódico. O brasileiro é o oposto disso. Só por isso você já sente lá nas redações, há muito tempo, uma preocupação com esse tipo de problema gerencial, administrativo, que até hoje não existe muito aqui, embora tenha mais do que há 25 anos. Segundo: a produção acadêmica lá é muito mais refinada, sofisticada, do que aqui. E um grupo, embora pequeno, desses estudos se dedica a isso, a técnicas de gerenciamento de redação. Então você tem já uma bibliografia acumulada que te permite fazer generalizações com mais segurança.


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