sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Fashionable Nonsense

Trechos de resenha escrita por do Roberto Fernández sobre o livro "Imposturas Intelectuais", de Sokal e Bricmont:
Os cientistas Alan D. Sokal (Universidade de Nova Iorque) e Jean Bricmont (Universidade Católica de Lovaina, Bélgica) sustentam que intelectuais de renome, associados à corrente convencionalmente conhecida como “pós-modernismo”, têm incorrido sistematicamente em “abusos reiterados de conceitos e termos provenientes das ciências físico-matemáticas”, a ponto de constituírem verdadeiras imposturas intelectuais. Podem ser identificados quatro tipos de abusos:
  1. “Falar abundantemente de teorias das quais se tem, no máximo, uma vaga idéia”;
  2. “Importar noções das ciências exatas para as ciências humanas sem dar a menor justificação empírica ou conceitual”;
  3. “Exibir uma erudição superficial ao jogar, sem escrúpulos, termos especializados na cara do leitor, num contexto em que eles não têm pertinência alguma”; e
  4. “Manipular frases desprovidas de sentido e se deixar levar por jogos de palavras”.
(...)
Os exemplos no livro falam por si. Para alguém com uma mínima formação científica, sugerem diversas questões para debate. Será que o hiato entre as “duas culturas” de Snow foi ampliado ou fossilizado? Será que todo um setor da intelectualidade, cuja atividade se baseia no discurso, nas argumentações teóricas, no confronto de pontos de vista, está perdendo a capacidade de compreender o método científico submetido ao controle inexorável dos experimentos? Será que a analogia injustificada e as “provas” por combinação de frases sugestivas são uma metodologia aceitável nas humanidades? Será que os argumentos baseados na precedência, inerentes às pesquisas nas humanidades, degeneraram-se num princípio de autoridade que acha os erros de Hegel mais confiáveis que 150 anos de desenvolvimento matemático? (Não é isso uma regressão aos tempos em que, quando as observações discrepavam da doutrina de Aristóteles, se preferia esta última?) Ou será que um verdadeiro menosprezo pela lógica e pelos desenvolvimentos científicos tem sido instalado em estratos visíveis da intelectualidade, perpetuado por círculos nos meios de comunicação inclinados a modas ou não qualificados e amparado na falta generalizada de formação científica, na indiferença (próxima ao pedantismo dos próprios cientistas) e numa tradição humanista de tolerância e não comprometimento, que deixa nas mãos do tempo a depuração do que vale?
Eu recomendo fortemente a leitura desse livro (leia a resenha também). Eu li a versão americana, chamada "fashionable nonsense", que foi extraviada na minha mudança - juntamente com todos os meus livros de filosofia da ciência...

O prof. Alan Sokal mantém uma lista de debates de quando publicaram o embuste e o livro - há também vários outros artigos interessantes.



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