quinta-feira, 1 de julho de 2010

Comentários sobre a greve de um lado, aumento de despesas do outro

Folha de São Paulo, 30/06/2010:
Hoje na Folha Nos últimos 17 anos, funcionários da USP, maior universidade da América Latina, ficaram praticamente dois anos letivos em greve, segundo reportagem de Talita Bedinelli publicada na edição desta quarta-feira da Folha (...). De acordo com o texto, por 388 dias, o acesso a bibliotecas, laboratórios, creches, bandejões e ônibus foi prejudicado pelas 11 paralisações do período, que duraram, em média, 35 dias. Nos últimos anos, as paralisações têm se tornado mais frequentes e longas. Segundo o sindicato, é reflexo da 'intransigência da reitoria'.

Entre 1997 e 1999, por exemplo, não houve nenhuma greve. Já entre 2004 e 2010, só não houve paralisação em um ano, 2008. Já no ano passado, ficaram parados por 57 dias.
Gilberto Dimenstein, 30/06/2010:
A principal lição disso tudo vai muito além da USP. O que está em discussão é a crescente força dos servidores públicos, com seus sindicatos, colocando interesses corporativos acima dos interesses do coletivo. Basta lembrar que neste ano o sindicato dos professores reivindicou aumento do absenteísmo, fim da promoção por mérito e das provas de conhecimento dos professores temporários.

Todos os dias, vemos como, em diferentes partes, são propostos novos benefícios a funcionários públicos, a começar de aposentadorias, inchando a folha de pagamentos -- sem vermos retorno em eficiência.
Josias de Souza, 1/07/2010:
Evocando os seus tempos de sindicalista do ABC, Lula costuma dizer que paralisação com contracheque não é greve, mas férias. Nesta quinta (1º), em entrevista radiofônica, Dilma foi instada a comentar uma greve de peritos médicos do INSS lotados e Campinas (SP). Ela ecoou o mentor: "Temos que ver com muito cuidado essa questão de greve em serviços médicos ... O presidente Lula sempre disse que [quando ele fazia greve] perdia o dia. Ele não fazia greve e ganhava o dia ... Então, o que tem que ser visto é [...] se, de fato, a pessoa que está fazendo greve está perdendo o dia. Porque senão fazer greve fica complicado”.

Beleza. Resta uma pergunta: Se é assim, por que diabos o presidente não puxou o telefone e ordenou aos ministros correspondentes, desde 2003: Corta o ponto!
Lula inaugura terreno baldio no Pará - Estadão, 22/06/2010:
No esforço para impulsionar a campanha da petista Ana Júlia Carepa à reeleição no Pará, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "inaugurou" ontem um terreno baldio e comandou um comício em estádio de futebol. Em Marabá, com estardalhaço, Lula anunciou, num palanque montado num terreno vazio da Transamazônica, o "início" da terraplenagem para construção de uma usina siderúrgica da Vale.

Até o final deste ano, a obra não passará da fase de terraplenagem, admitiu em entrevista após o evento José Carlos Martins, diretor executivo de Ferrosos da companhia. O empreendimento faz parte de uma lista de promessas feitas nas eleições de 2006 nas regiões Sul e Sudeste do Pará que dificilmente serão cumpridas.
Projetos devolvem cargos a 55 mil - Estadão, 30/06/2010:
Engrossando a fileira das propostas que ameaçam elevar ainda mais a despesa salarial da União, dois projetos em tramitação na Câmara propõem reintegrar 55 mil servidores públicos e funcionários de estatais 14 anos depois de terem deixado seus empregos mediante adesão a programas de demissão voluntária.

O primeiro projeto de lei beneficia aproximadamente 15 mil ex-servidores da administração direta, de autarquias e de fundações. Não há estimativas oficiais sobre o custo dessa iniciativa, mas, considerando um salário médio de R$ 7.500 por servidor, levaria a um total de R$ 1,4 bilhão ao ano. (...)  Essa proposta foi aprovada por unanimidade pela Comissão de Trabalho e segue na carona de outras propostas corporativas que têm sensibilizado parlamentares em ano eleitoral. Entre elas, a que restabelece a aposentadoria integral a juízes, noticiada ontem pelo Estado, o reajuste de 54% aos funcionários do Judiciário e o de 25% aos do Senado -- este, já aprovado.

O outro projeto de lei, protocolado ontem à tarde na Mesa da Câmara pela Comissão do Trabalho, permite recontratar cerca de 40 mil ex-funcionários "arrependidos" que deixaram estatais como o Banco do Brasil e a Petrobrás. Juntas, as duas propostas formam um pacote que atenderia a todo o universo de servidores desligados que querem fazer o caminho de volta.
Serviço público paga mais que iniciativa privada - Congresso em Foco, 23/06/2010:
Recentemente, o presidente Lula sancionou o novo plano de carreira dos servidores da Câmara. No caso da Câmara, como mostrou o Congresso em Foco, haverá casos de servidores com 40% de aumento. Os ocupantes de cargos de natureza especial terão 33%. O Senado, agora, discute também a aprovação de seu plano de carreira, também com reajustes expressivos. Tais planos reforçam uma tendência observada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Eles mostram que, no Brasil, um funcionário público ganha, pelo menos, 98% a mais que seus colegas assalariados na iniciativa privada.

Em Brasília, onde funcionam o Congresso, os tribunais superiores, a Presidência da República e os ministérios, a diferença é ainda maior. Os funcionários públicos ganham quatro vezes mais que os trabalhadores da iniciativa privada.


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