quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ética, ordem legal, e a anestesia

Notícias e comentários da semana:

Arruda fora da cadeia e a ordem legal:
Espero que Arruda e toda a turma puxem uns bons anos no xilindró quando condenados. Mas é preciso que haja antes a condenação, ou uma prisão provisória se transforma em cumprimento antecipado da pena. À diferença do que podem pensar alguns, esse “direito” não serve para proteger criminosos. Serve para proteger os inocentes dos muitos erros que podem acontecer no curso de um processo. (...)

Todos têm direito ao devido processo legal — os bandidos também. Um estado que não reconhece os direitos dos criminosos porque criminosos estaria prestes a não reconhecer os direitos de qualquer homem: bastaria, para tanto, que ele fosse declarado um… “criminoso”, e um estado nessas circunstâncias poderia fazê-lo sem problemas. É o que Chávez faz, por exemplo, na Venezuela. Ninguém lá está preso ou é perseguido por discordar do “chefe”. Ele sempre acusa os adversários de um crime comum qualquer.  Tomem cuidado, para lembrar frase famosa, com soluções simples, fáceis e erradas para problemas difíceis.

Se for o caso de se mudarem as leis vigentes para punir mais celeremente gente como Arruda, então que se comece o movimento para mudar as leis. Por tudo o que se sabe até aqui, o lugar de Arruda é na cadeia, respeitado o devido processo legal.

Laudos e ética (via Orlando Tambosi):

Se fôssemos seguir o "código de ética" da Associação Brasileira de Antropologia, deveria o antropólogo fornecer a "garantia de que a colaboração prestada à investigação" não seria "utilizada com o intuito de prejudicar o grupo investigado". O "código de ética" não se volta à imparcialidade do trabalho, à verdade, mas se caracteriza pelo comprometimento com uma das partes. (...)

Logo, a ética interna da profissão inviabilizaria um laudo pericial isento! Ou ainda, o "bom" antropólogo seria aquele que sempre daria ganho de causa aos indígenas, enquanto o "mau" antropólogo seria aquele que daria ganho de causa aos "fazendeiros". No dizer de uma antropóloga: "Qual de nós, aqui nesta sala, aceitaria fazer um laudo para um fazendeiro que esteja ocupando terras indígenas, mesmo que o tenha feito sem conhecimento disso (o que é possível)? Há antropólogos que se prestaram a esse tipo de serviço e são aqueles que denominamos como antropólogos de fundo de quintal da Funai." O mesmo valeria para os quilombolas.
O silêncio dos conscientes (via Cláudio Shikida):

Intelectuais conhecidos chegaram a dizer que o escândalo do mensalão, por exemplo, era uma crise “sem importância”. Mas um sujeito e um partido que constroem sua fama em torno da palavra “ética” devem ser no mínimo cobrados de modo igual. No entanto, a sucessão de falcatruas multipartidárias e a mise-en-scène da Polícia Federal anestesiaram a indignação. O conluio com o PMDB de Sarney et caterva, que na semana passada derrubou a ação popular que queria proibir candidatos com ficha suja, não os leva às tribunas de protesto. A impunidade de Waldomiros e Delúbios não gera manifestos e passeatas. (...)

O resultado é que temos um governo muito mal analisado, que por isso mesmo navegou sobranceiro no segundo mandato. Os traídos e os detratores foram se cansando, vergados pelas pesquisas. Aqui e ali, diante de um pequeno escândalo ou outro, ou de algumas recaídas populistas contra a “zelite” e a “imprensa burguesa”, críticas foram feitas, mas sem efeito. Os anos Lula geraram uma pasmaceira geral, calando até os que se diziam conscientes das mazelas nacionais. Nenhuma reforma séria foi a cabo; a renda apenas recuperou o valor de uma década atrás; a maioria continua sem ensino de qualidade, sem esgoto nem justiça, mas pagando impostos absurdos; a ladroeira em todos os níveis passou a ser tratada como deslizes da natureza humana ou meras praxes como caixa 2; a estatização e a defesa de países autoritários voltaram ao discurso; o presidente desdenha das instituições e leis quase todo dia.
Lula participa de evento e critica a Justiça Eleitoral:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou hoje (8) pela primeira vez de um ato político de apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT) desde que ela deixou o governo, há nove dias, e criticou a Justiça Eleitoral. Na abertura do encontro do PC do B, Lula afirmou que ninguém pode ficar esperando, a cada eleição, mudanças na lei e garantiu que fará "campanha na rua" para Dilma.
Em evento do PCdoB, Lula desafia a Justiça e chama Dilma de futura presidente:

Foi o primeiro evento em que Lula e Dilma estiveram juntos depois que ela saiu da Casa Civil.
- Quando eu estiver fora (do governo), vou ter força para evitar que se faça com a Dilma o que fizeram comigo em 2005 (aparentemente, ele falava da investigação do mensalão do PT). Vou gritar mais, vou ter mais liberdade. Não vou ser instituição. Vou arregaçar as mangas para fazer a reforma política, porque não podemos ficar subordinados ao que um juiz diz que podemos ou não fazer. Vou poder gritar mais, perturbar mais - disse Lula, em tom exaltado.
'Contenha seu entusiasmo pelo Brasil', diz colunista do 'WSJ':

O'Grady admite que o Brasil melhorou "em relação ao que era em meados da década de 90, quando hiperinflação alimentou caos nacional", e disse que "o crédito por controlar os preços vai para o ex-presidente de dois mandatos (Fernando) Henrique Cardoso, cujo governo implementou o Plano Real".

A autora minimiza o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando do país, dizendo que "uma revisão de sua gestão revela que a melhor coisa que ele fez como chefe-executivo do país foi nada". "Além da reforma da lei de falências e a melhoria da legislação relativa a seguros, ele (Lula) fez muito pouco."
Agressores de Mário Covas fundam a filial urbana do MST:

Na temporada grevista de 2000, foi Mário Covas. Açulada pelo então deputado José Dirceu, a companheirada agrediu o grande governador já em luta contra o câncer. “Eles têm de apanhar”, gritava Dirceu. Talvez não fizesse isso hoje: a primeira bengalada ninguém esquece. Mas os milicianos seguem colecionando reinvidências com o o desembaraço de quem não tem compromisso com a educação.

Claro que várias reivindicações, em sua essência, são justas. Mas as carências que atormentam os professores não se restringem a São Paulo. Estendem-se ao Brasil inteiro, e são muito mais aflitivas em Estados como, por exemplo, o Piauí, o Maranhão e a Bahia. Nessas paragens os sindicalistas preferem não interromper o ano letivo. Não se faz uma coisa dessas com governadores companheiros.
Após um mês, greve dos professores de São Paulo chega ao fim:

Professores presentes na manifestação que ocorreu na tarde desta quinta-feira na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, decidiram acabar com a greve da categoria, que completou hoje um mês de duração. A decisão, anunciada por representantes do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) de cima do carro de som, não agradou a todos os manifestantes.

Um ovo foi arremessado contra a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, e um grupo de professores gritava "fora Bebel" - como ela conhecida no sindicato - gerando um princípio de tumulto.
Ex-diretora da EBC assume hoje assessoria de imprensa de Dilma:

A ex-diretora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) Helena Chagas assumiu nesta segunda-feira (12/04) o comando da assessoria de imprensa da pré-candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff. A jornalista trabalha ao lado de Oswaldo Buarim, que já era assessor da ex-ministra, e de Rui Falcão, que dirige a comunicação do PT.
Altamente recomendáveis também os posts do Gravataí Merengue, do Augusto Nunes, do Josias de Souza e do Fernando Rodrigues.


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