Kerrie Howard, diretora da Anistia Internacional, ao comentar a posição do Brasil em face da morte do dissidente cubano Orlando Zapata, disse, com a mais absoluta razão: "Não se pode criticar a questão dos direitos humanos apenas quando é conveniente." Todavia, essa submissão da defesa dos direitos humanos pelo governo Lula a outros interesses não é novidade, como revela a posição assumida em órgãos internacionais. (...)
Na linha de desprezo aos direitos humanos, vistos como válidos apenas quando interessa, o "diplomata" Marco Aurélio Garcia banalizou a morte de Orlando Zapata, em greve de fome, ao relativizar: "Há problemas de direitos humanos no mundo inteiro." Essa declaração é um gravíssimo desrespeito a valores fundamentais, pois cinicamente justifica a sua afronta por ser usual. (...)
Em 11 de dezembro de 1989, às vésperas do segundo turno entre Lula e Collor, Abílio Diniz foi sequestrado por ativistas políticos (...) que desejavam arrecadar fundos para a guerrilha em El Salvador. Condenados, passados dez anos, entraram em greve de fome exigindo o retorno a seus países. (...) Durante o tempo em que havia as tratativas para essa troca de prisioneiros, a Secretaria de Direitos Humanos, conta José Gregori, recebia telefonemas de Marco Aurélio Garcia em campanha pela expulsão dos presos em greve de fome.Em 2000, professores paranaenses entraram em greve de fome para reivindicar melhoria salarial e em Curitiba receberam a visita de solidariedade de Lula. Lula mesmo, quando preso político, fizera greve de fome.
Tradução de trechos de artigo de Óscar Arias, presidente da Costa Rica, no El País:
Estou convencido de que em uma democracia, se não há oposição, deve-se criá-la, e não persegui-la, reprimi-la e condená-la a um inferno carcerário, que é o que faz o regime de Raúl Castro.
O governo cubano tem agora em suas mãos a oportunidade de demonstrar ao mundo os primeiros sinais dessa transição democrática, que há muito tempo esperamos. Tem a oportunidade de demonstrar que pode aprender a respeitar os direitos humanos, principalmente os direitos de seus opositores, porque não há mérito algum em respeitar somente os direitos de seus partidários. (...)
Acusar-me-ão de me imiscuir em assuntos internos, de desrespeitar sua soberania e, quase com certeza, de ser um lacaio do império. Sem dúvida, sou lacaio do império: do império da razão, da compaixão e da liberdade.
Trechos de entrevista de Eduardo Giannetti a Marcelo Leite (que revela um diagnóstico preciso mas soluções muito abstratas - lembrem-se que ele é da equipe da candidata Marina Silva):
[falando do pré-sal] De uma coisa eu tenho certeza: nenhum país do mundo se resolveu como desenvolvimento por um achado lotérico de recursos naturais. Pelo contrário, isso pode se tornar uma maldição _veja a Venezuela. Pode levar ao descaso em relação ao que realmente conta, capital humano. O Japão não tem carvão, não tem petróleo, mas com indicadores de saúde, educação e civilização extremamente avançados. A Venezuela é um país com extraordinária dotação de recursos naturais, energia e água, e está racionando energia elétrica e está racionando água. E é politicamente retrógrada. (...)(conclusões às quais chegou FHC também).
Tem alguma coisa de muito errado num país em que metade da população economicamente ativa não consegue ter uma situação normal de emprego. Nós somos campeões mundiais de ações trabalhistas. Nós temos encargos sobre a folha salarial que encarecem enormemente a contratação e reduzem o emprego formal. E nós temos uma das legislações trabalhistas mais anacrônicas e barrocas do planeta, se não a mais. O mercado de trabalho no Brasil ainda precisa chegar o século 21, no seu lado institucional. (...)
[exemplos do que o governo não deveria estar fazendo] Criando empresas estatais em setores em que a experiência e a teoria econômica mostram que o Estado não é bom. O papel que o BNDES está assumindo é muito preocupante. O governo Lula descobriu em seu segundo mandato uma mágica perigosíssima: transferir recursos de dívida pública para concessão de empréstimos sem que isso entre no cálculo de superávit primário. E escolhendo por critérios nem sempre transparentes os parceiros do setor privado que vão receber as benesses desse crédito subsidiado. (...)
Nós temos um carga tributária bruta no Brasil de 36%, completamente fora da curva considerando nosso nível de renda. Países similares têm 20 a 25%. Temos um déficit nominal de 3%. Quarenta por cento da renda nacional transita pelo Estado brasileiro, é intermediada por ele. E a capacidade de investimento é pífia. Tudo somado, inclusive o PAC, chega a 2% do PIB. Tem alguma coisa profundamente errada nas finanças públicas brasileiras. Os outros 16% são do setor privado, mas boa parte do setor privado é financiado pelo BNDES.
Editorial do Estadão sobre a greve dos sindicalistas que dizem representar os professores:
Os líderes da categoria sabiam que a legislação veda manifestações no local e, mesmo assim, tentaram realizar um ato de protesto na sexta-feira, sabendo que a PM seria obrigada a reagir.(...)
Essa manifestação faz parte de um plano de provocações e de invasões com o objetivo de obrigar as autoridades de segurança a reagir, o que comprometeria a imagem pública de Serra.Basta ver que, dias antes ao incidente em frente ao Palácio dos Bandeirantes, um grupo integrado por estudantes e servidores da USP, com o apoio de agremiações de esquerda, como o PSTU, o PCO, PSOL e PT, invadiu as dependências da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas), na Cidade Universitária, sob a justificativa de reivindicar mais investimentos em moradia estudantil. A invasão, na realidade, é outra tentativa de criar um fato político com o indisfarçável objetivo de quebrar a "espinha dorsal" do reitor João Grandino Rodas, no cargo há dois meses, nomeado por Serra. (...)
A ideia é promover mais uma passeata em ruas e avenidas de grande movimento, na capital. A estratégia acarreta congestionamentos gigantescos para a população paulistana, convertida em refém de interesses corporativos. É assim que os militantes da CUT, do PT e das microagremiações de esquerda tentam demonstrar uma força política que jamais conseguiram ter no processo eleitoral. São métodos que tornam iguais pela violência e pelo radicalismo os extremistas de esquerda e de direita.
Vale a pena também o artigo de Maria Helena Guimarães de Castro sobre a situação educacional do Estado de São Paulo e o de Marcos Guterman sobre a ditadura venezuelana que sai do armário.
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