Acabo de ler um artigo no Estadão sobre a expansão da TV Lula que faria corar ao seu autor mesmo que fosse propaganda oficial. Eis o meu comentário:Não acredito que "as informações são do jornal O Estado de S.Paulo". O mesmo jornal que há dois dias publicou um editorial chamado "Uma TV público-eleitoral"? O Estadão está perigosamente perto de jogar a credibilidade no lixo, para agradar gregos e troianos. Já há jornais assim, e desagradam a ambos.
Apenas um exemplo do lapso lógico e editorial do artigo: o que acontece quando um canal recebe patrocínios (pesadamente governamentais mas também de empresas privadas) mas é impedido de veicular publicidade? Estudos recentes dizem que as críticas aos anunciantes (governo, p.ex.) desaparecem e em seu lugar surgem infomerciais. Devo me preocupar com o ghostwriting do artigo? Ou é apenas um caso de síndrome do Dr. Fantástico?
O artigo é um desastre do começo ao fim: descobre-se que a ambição é atender à eventual demanda usando subsídios (dinheiro de todos) para concorrer com a Globo e a Record; que a TV Lula se beneficiará de uma "Contribuição para a Comunicação Pública" (onde a "contribuição" tem a conotação de "estou pedindo, podia estar roubando"); e que toda e qualquer crítica é intriga da oposição (ah, se a TV Lula fosse apartidária...).
Ah, sim, depois descobri que há uma versão mais longa do artigo, assinada por Wilson Tosta, que se parece ainda mais a um serviço de ombudsman em favor da EBC (nome oficial da estatal). Lá descobrimos que o "material gratuito" que a TV Lula generosamente oferece custará R$ 453 milhões em 2010.
Que a TV Lula seja um catalisador de chapas-branca eu já imaginava. Mas que sua panfletagem infectasse jornais respeitáveis, por essa eu não esperava...
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