segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Lula atinge o ponto sem volta em Honduras - a partir da Venezuela, claro

Três notas rápidas, do Estadão:
Zelaya conclama ofensiva final em Honduras
"Um chamado nacional foi feito para agricultores e trabalhadores de outros setores para que se reúnam em Tegucigalpa e alguns já começaram a formar estas manifestações", disse Tamayo. "Agricultores estão viajando por conta própria, em transporte público, porque se chegarem em grupos ou de carro, a polícia e o Exército vão pará-los em pontos de checagem."

Zelaya pediu a seus partidários que se dirijam à capital amanhã, data em que o golpe faz três meses, para uma ofensiva final contra o governo de facto". "Estamos fazendo um chamado patriótico à resistência em todo o território nacional", disse ele em comunicado entregue a um fotógrafo da France Press na noite de ontem.

Brasil rejeita ultimato para definir situação de Zelaya
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 27, que não aceita o ultimato de dez dias dado pelo governo de facto de Honduras para que o Brasil defina o status do presidente deposto do país, Manuel Zelaya, que está na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
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"Não aceito ultimato de um governo golpista", disse Lula em Porlamar, na Venezuela, onde participa da Cúpula América do Sul-África.
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"Zelaya foi expulso do poder da maneira mais vergonhosa possível", disse Lula. "Para mim, a solução é simples: os golpistas devem sair do palácio presidencial", afirmou Lula.

Honduras ameaça retirar status diplomático da embaixada do Brasil - Estadao.com.br
"Se o status de Zelaya não for definido dentro de 10 dias, a embaixada vai perder sua condição diplomática", disse o ministro das Relações Exteriores do governo interino, Carlos López Contreras, em uma entrevista coletiva.

"Por cortesia, uma invasão do local não está sendo considerada", afirmou. López Contreras disse ainda que a embaixada vai se tornar uma residência privada.
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"O governo brasileiro não acata ultimato de golpista, e nem o reconheço como governo", afirmou o presidente. "A palavra correta é golpista. Usurpador de poder. Essa é a palavra correta, e o governo brasileiro não negocia com ele."

Lula disse ainda que o Brasil "tem dentro da sua embaixada um presidente legitimamente eleito pelo voto popular do povo de Honduras".
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O governo interino acusa o presidente deposto de "usar a embaixada para instigar a violência e a insurreição contra o povo hondurenho e seu governo constitucional".
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"Se o Zelaya extrapolar, vamos chamá-lo e dizer que não é politicamente correto utilizar a embaixada brasileira para ficar fazendo incitação a qualquer coisa além do espaço democrático que nós estamos dando para ele", disse Lula.
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"Seria muito mais fácil resolver tudo isso se o Micheletti pedir desculpas, for embora, permitir que o presidente eleito volte, convocar eleições. Porque o povo de Honduras vivia em paz até então", afirmou [Lula].

O presidente disse que, caso contrário, a crise permanecerá, porque nenhum país reconhecerá a legitimidade do presidente que for eleito em um pleito organizado pelo governo interino.

Quanto ao último ponto, cabe lembrar que é uma bobagem a história de que apenas governos "legítimos" podem legitimar um governo (caso contrário ditaduras seriam irreversíveis). Mas não acreditem em mim, leiam a entrevista do ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda ao Estadão:
Barack Obama e Hillary Clinton estão cientes do envolvimento americano em episódios horríveis ao longo dos anos. Só acho que não elaboraram o quadro de maneira satisfatória, não só por causa das circunstâncias, mas por conta dos desdobramentos: as eleições já estavam marcadas. Todas as eleições que vêm de um governo autoritário são, por definição, ilegítimas? Se for assim, até Tancredo Neves poderia ser chamado de ilegítimo porque foi escolhido pelo general Figueiredo. Ou Patricio Aylwin, no Chile, Vicente Fox, no México, ou Lech Walesa, na Polônia. No entanto, ninguém se opôs a eles. São frutos de regimes ilegítimos que promoveram eleições. O argumento é estúpido. Como os americanos não pensaram bem, agora estão numa situação desconfortável.
Obviamente o governo interino também está fazendo burradas: impedindo a entrada dos diplomatas da OEA, criando um decreto de censura à imprensa, e mesmo a azucrinação aos invasores da embaixada eu acho desnecessária. Que eu me lembre, da última vez o Zelaya desistiu da "resistência" em acampamento e fugiu para o conforto de um hotel. Essa invasão não vai longe.



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