terça-feira, 29 de novembro de 2011

Artigos sobre Educação -- analfabetismo, democracia seletiva do movimento estudantil, e o papel das universidades

Trechos de artigos lidos recentemente sobre educação (destaques meus)

Primavera dos 'sem-partido'? (Estadão)

Duas conclusões decorrem destes fatos: 1ª) o direitismo, ou ao menos o apartidarismo, já é reconhecido como força pelos estudantes das principais universidades brasileiras; 2ª) é tempo de os líderes dessas novas chapas exporem, à face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins e suas tendências. (...)

O Estadão.edu conversou com líderes de três chapas que se dizem apartidárias: Vitor Colares, tesoureiro do DCE da PUC Minas; Davi Brito, presidente da Aliança Conservadora, da UnB; e Vinicius do Carmo, candidato a presidente do DCE da USP pela chapa Reação. Em comum, todas as chapas deles se dizem 'apartidárias' e todas são tidas como 'de direita' por chapas adversárias. A estudante Natália Pimenta, filha do político Rui Costa Pimenta, do PCO, escreveu um artigo em que defende que a direita não pertence ao movimento estudantil. "Na UnB, onde uma direita inimiga do movimento estudantil ganhou as eleições, cabe à esquerda romper com esse simulacro de DCE e construir uma outra organização. Não há convivência possível", afirma.

Alunos decidem que DCE da USP terá eleições em março (Estadão)

A eleição estava prevista para os dias 22 a 24 de novembro. A decisão de adiá-la, tomada no dia 17 por assembleia com 3 mil estudantes, foi tachada de golpe pela chapa Reação (...)

Os líderes dos CAs decidiram que a comissão gestora terá a mesma configuração da comissão eleitoral encarregada das eleições que foram adiadas em termos da distribuição de vagas entre as áreas de Humanas, Exatas e Biológicas.  (...) Em votação, ficou decidido que as vagas serão preenchidas pelos alunos das faculdades de Química e Matemática, deixando de fora a Escola Politécnica. A participação do centro acadêmico da Faculdade de Economia e Administração (FEA) também foi posta em votação. (...) O placar ficou em 12 a favor, 14 contra e 8 abstenções, reprovando a entrada da FEA.

Nota da SBPC sobre o incidente dos estudantes da USP (Jornal da Ciência)

Defender o uso de drogas de forma livre dentro do campus significa pedir regime de exceção aos valores pelos quais lutamos - fumar maconha ainda é crime neste País, e o campus da USP, assim como os campi de qualquer Universidade Brasileira, não podem ser tratados como zona livre enquanto esta lei vigorar. (...)
A liberação da maconha e a presença da polícia no campus são debates legítimos a serem travados com a participação de toda a comunidade acadêmica numa discussão ampla e democrática, não impingidos pela força e pela violência. 

Faltam ideias na batalha da USP (Folha)

Três professores da USP levantaram na sexta-feira, em artigo para a Folha-papel (...), a tese de que polícia e ideias são absolutamente incompatíveis.(...) Se fosse verdade, a universidade teria sido irrelevante para a sociedade durante todo período ditatorial, que durou longos 21 anos. Não foi, felizmente não foi. Ao contrário, a universidade foi importante coadjuvante na batalha pela redemocratização. (...)

Os três ilustres acadêmicos [d]izem: "Não é crível que aquela que chamam de maior universidade da América Latina não possa, a partir de estudos dos maiores especialistas nas diversas áreas do conhecimento, várias ligadas à segurança pública, resolver o seu próprio problema de segurança".

Nesse ponto, estou de pleno acordo, mas me pergunto: por que, até agora, a USP foi absolutamente incapaz de resolver o problema de sua própria segurança e/ou de fornecer subsídios para a segurança pública do resto do país? Esteve permanentemente cercada de "agentes com potencialidade repressiva"? Ou pura e simplesmente fracassou na sua missão de "gestação de ideias", como confessam implicitamente os autores do artigo?

A USP e a corrosão do caráter (Jornal da Ciência)

Antes de ser um cidadão, o sujeito pertenceria à sua "comunidade", cujas causas importam mais do que as coletivas. (...) A identidade maior deixa de ser a cidadania e se transfere para instâncias que defendem particularidades. (...) A corrosão do caráter é potencializada quando os grupos e indivíduos assumem o perfil da militância. O militante padrão, por mimetismo, sacrifica normas éticas, sociais e políticas em proveito de seu movimento, visto por ele como a fonte última dos valores. Todos os demais âmbitos seriam movidos por interesses escusos. (...)

Aqui, longe de permanecerem distantes e hostis aos poderes públicos, lutando contra eles na concorrência para dominar indivíduos e grupos, movimentos sociais mantêm excelentes tratos com os governos e Parlamentos. Eles sabem aplicar ventosas nos cofres estatais (as ONGs...) de modo a expandir suas forças, mas guardam a retórica contrária ao Estado. A busca de verbas põe a militância ao dispor de partidos políticos hegemônicos. O militante exerce seu fervor de tal modo que, em pouco tempo, pratica o que suas doutrinas condenavam ou condenam. (...)

Militantes fazem sua revolução em escala micrológica contra o reitor, mas os dirigentes nacionais do movimento estudantil negociam apoio aos donos do poder, os verdadeiros soberanos.

A crise na USP (Jornal da Ciência)

O mais simples é eliminar o segundo turno e passar a decisão para o colégio amplo. Ou, mais radicalmente, seguindo o que a lei federal faculta, instituir uma eleição direta na qual os votos dos professores pesem 70%, ficando funcionários e alunos (e talvez ex-alunos) com 30%. Mas a representação sindical e a dos alunos querem bem mais que isso, o que apavora os bons pesquisadores, receosos de que a universidade seja tomada por micropartidos políticos. (...)

A USP, Unesp e Unicamp não precisam ir a cada mês pedir dinheiro ao governo. As universidades federais, sim. Daí, também, que no período democrático nunca um reitor paulista tenha declarado apoio a um candidato a governador ou presidente. Já a grande maioria dos reitores federais é induzida a apoiar o candidato do PT, como se viu em 2006 e 2010. (...)

Os defensores da eleição direta querem democratizar esse poder. Mas, numa boa universidade, o poder é menos que a autoridade: o respeito que alguém conquista por sua qualidade ética ou, no caso, científica. Não há nomeação ou eleição que confira autoridade. Disputar o poder é perder o que é próprio de uma boa universidade.

]Cremesp critica decisão do MEC de autorizar 3 cursos (Estadão)

Uma notícia publicada no site do Ministério da Educação na sexta-feira, 18, informa sobre a redução de vagas em 16 cursos de Medicina mal avaliados pela instituição, mas não conta a história toda. Na mesma sexta-feira em que divulgou no Diário Oficial da União a extinção das 514 vagas, o MEC autorizou a criação de três cursos de Medicina - em Barretos, Franca e São Paulo - totalizando 220 vagas.

Produção científica depende de investimento em educação básica, dizem especialistas (Jornal da Ciência)

O investimento na educação básica - educação infantil, ensino fundamental e médio - desde a infraestrutura ao preparo e salários dos professores, deve se tornar prioritário no Brasil, pois é ali que a educação científica é central. (...)
Nesse sentido também opinou a diretora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas, Maria Olivia Simões. Para ela, não é possível a um país fazer inovações científicas na educação superior se há lacunas na educação de base. A ciência, disse ainda, está intimamente ligada à educação de qualidade, e sem ela, não há inovação nem desenvolvimento sustentável no País.

Inovação ou morte (Estadão)

Na Espanha, a situação tem muito a ver com produtividade, com reformas no mercado de trabalho. Há um aspecto positivo e um negativo nisso. O negativo é que não há mais recursos para cobrir todas as necessidades das futuras gerações. O positivo é a chance de estimular nos jovens o espírito empreendedor, de que você deve garantir sua educação, sua saúde, sem confiar no Estado-Pai. Estimular o empreendedorismo e a inovação, para encontrar soluções sustentáveis.

Alunos analfabetos (Jornal da Ciência)

Constatou-se que 43,9% dos alunos são deficientes em leitura e 46,6% em escrita. Ou seja, são semialfabetizados. Não captam o significado do que leem e redigem uma simples carta com graves erros de sintaxe e concordância. Quanto à leitura, quase metade (48,6%) dos alunos da rede pública correspondeu ao resultado esperado. Na rede de escolas particulares, o desempenho foi bem melhor: 79%. (...)

O que demonstra falta de método de alfabetização, embora esta seja a nação que gerou Paulo Freire. Uma criança que, aos 8 anos, tem dificuldade de leitura e escrita sente-se incapaz de lidar com os textos de outras disciplinas escolares, o que prejudicará seu aprendizado.

(eu diria que é justamente a devoção a Paulo Freire a culpada pela falta de inovações educacionais -- aliás nem precisa inovar, é só ver o que dá certo em outros lugares; e garanto que não é um discurso de lutas de classes, é só hard work)

Analfabetismo cai, mas ainda chega a 28% em cidades do Nordeste (Estadão) 

Embora a taxa de analfabetismo na população com 15 anos ou mais de idade tenha caído de 13,63% em 2000 para 9,6% em 2010 na média do país, nas menores cidades do Nordeste, com até 50 mil habitantes, ela ainda atinge 28% das pessoas nessa faixa etária. Além disso, nesses municípios a proporção de idosos que não sabiam ler e escrever chegava a 60%.

Um grito de socorro (Jornal da Ciência)

Perdidos num cipoal de teorias, em grande parte estéreis e mal interpretadas, os cursos de formação acabam passando ao largo do desenvolvimento das competências básicas de um professor. Os jovens educadores saem das faculdades sem dominar o conteúdo que vão ensinar, os melhores métodos para o trabalho com esses conteúdos, e sem desenvolver as habilidades de organização do tempo e do espaço, bem como aquelas referentes às relações interpessoais e às dinâmicas de funcionamento de grupos.

José Joaquin Brunner: A expansão do ensino superior na América Latina (Simon's Site)

Un simple ejercicio permite apreciar que entre las casi 4 mil universidades iberoamericanas, sólo 62 (menos de un 2%) se aproximan a la noción de una research university por el volumen de su producción científica medida bibliométricamente; un segundo grupo, de tamaño similar (69 universidades), puede calificarse como compuesto por universidades con investigación. (...)
Lo que molesta y alborota a veces a quienes se identifican con los ideales y valores de la universidad humboldtiana (...) es la pérdida del aura que rodeó a la educación superior al comienzo de los tiempos modernos. (...) [T]ambién las universidades han visto esfumarse su prestigio tradicional bajo la marea de la masificación y con su progresiva desvinculación de las redes del poder, la riqueza y la influencia. (...)
Ortega y Gasset, sin ir más lejos, daba por misión central a la universidad no la investigación, sino asegurar la enseñanza superior, profesional, del hombre medio y situarlo culturalmente a la altura de los tiempos. Resumía su propuesta así: “Hay que hacer del hombre medio un buen profesional. Junto al aprendizaje de la cultura, la universidad le enseñará, por los procedimientos intelectualmente más sobrios, inmediatos y eficaces, a ser un buen médico, un buen juez, un buen profesor de matemáticas o de historia”. (...)
En América Latina el panorama de la educación superior se asemeja hoy más a aquellas ciudades aluvionales que de pronto aparecen en la región -improvisadas, irregulares, ruidosas, heterogéneas, inmaduras, donde conviven opulencia y pobreza, edificios de lujo junto a favelas, espíritu comercial y utopías anacrónicas, corrupción y burocratismo- que a una bien organizada república de las letras o a cualquiera otra entidad orgánica, rodeada de aura tradicional.

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