domingo, 22 de maio de 2011

O Mistério da Educação - meus pitacos

Outro dia, passeando pelos intertubos, descobri uma resposta do agora famoso Marcos Bagno (do arranca-rabo de classes linguístico) a uma pergunta que mostra que ou ele não conhece cacofonia ou oculta do aluno essa informação. Foi mais fácil prá ele atacar a "pressão tola da escola" do que explicar que "vi ela", "amar ela", "vou-me já" pode não transmitir a idéia original do falante. E antes ainda, um comentário dizendo explicitamente que há um consenso entre os linguistas de que "não há certo e errado".

Assim resolvi coletar no meu outro blog (em inglês) alguns comentários de linguistas contra essa percepção de que tudo deve ser aceito linguisticamente. Essa percepção parte da premissa correta de que não cabe à Linguística, enquanto ciência (descritiva), definir os valores (prescrições). Porém disso concluem erroneamente que não se deve "legislar" sobre a língua (no sentido de julgar "certo" e "errado"). Se há tal consenso, os links mostram que ele não é mundial. A coleção original de comentários de linguistas em que me baseei é uma crítica exatamente à postura de que "não há usos 'errados', apenas usos alternativos". Mas imagino que aqui em terra brasilis vão preferir louvar algum semideus nativo a enfrentar as críticas de fora. Tente, ao menos, ler o artigo "Ideology, Power, and Linguistic Theory" de Geoff Pullum.

Mas minha analogia predileta (dado o componente evolutivo da linguística, que me é mui caro) é a de que normas gramaticais são comparáveis às sequências-consenso ou sequências ancestrais em filogenética. Ou ainda centróides ou médias de nossa fala individual. Da mesma forma que ninguém possui o genoma idêntico ao genoma humano de referência e ainda assim todos nós podemos comparar nossos genes a ele, nossas falas particulares podem todas ser comparadas à língua padrão idealizada. E seguindo a analogia evolutiva, a educação formal é a pressão seletiva para que não nos distanciemos muito da "língua ancestral"  e assim possamos nos comunicar entre todos, sem especiações.

Alguns artigos sobre Linguística Evolutiva - os dois primeiros são essenciais, curtos e de acesso aberto:
Sim, eu posso falar errado e defender que se ensine o certo (pergunte aos seus pais). Em outras palavras, eu posso falar um dialeto local e defender o dialeto de prestígio, mesmo que todos falem o meu dialeto e ninguém fale o de prestígio - o dialeto de prestígio pode até ser um ente sem "manifestação física". Escritores que admiro escrevem errado (talvez todos prefiram assim) e eu defendo o ensino do melhor português possível (inclusive de outras línguas também). Admiro Juó Bananère, Adoniran Barbosa, Raul Seixas e não me escapou que eles fogem da norma culta. Nem se defende a eliminação dos dialetos não-padrão. Deve ser uma tarefa hercúlea (e sem sentido) comunicar-se apenas usando a norma culta, mas isso não quer dizer que todos não tenham o direito de conhecê-la e reconhecê-la.

E não, não estou atacando aqui o livro do MEC (isso deixo para os links abaixo), mas essa discussão vai muito além do livro. Essa é uma discussão, ao final, sobre o que é possível e o que é obrigatório/limitado. A liberdade de falar com qualquer grupo, inclusive do passado, depende do domínio de mesóclises e de saber identificar um solecismo. E é especialmente útil àqueles que queiram expandir seus conhecimentos além da língua portuguesa. A seguir algumas notícias e comentários sobre o livro pós-moderno [com comentários meus em vermelho]:

Folha.com - Saber - Livro distribuído pelo MEC defende errar concordância - 14/05/2011:
Em sua página 15, o texto afirma, conforme revelou o site IG: "Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar os livro?'. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico". Segundo o MEC, o livro está em acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) --normas a serem seguidas por todas as escolas e livros didáticos.

"A escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma 'certa' de falar, a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala", afirma o texto dos PCNs. "Essas duas crenças produziram uma prática de mutilação cultural que, além de desvalorizar a forma de falar do aluno, denota desconhecimento de que a escrita de uma língua não corresponde inteiramente a nenhum de seus dialetos", continua.
Visão perversa - Ricardo Noblat: O Globo:
A pretexto de defender a fala popular como alternativa válida à norma culta do português, o Ministério da Educação está estimulando os alunos brasileiros a cultivarem seus erros, que terão efeito direto na sua vida na sociedade e nos resultados de exames, nacionais e internacionais, que avaliam a situação de aprendizado dos alunos, debilitando mais ainda a competitividade do país.
Diplomatizzando: As novas sauvas do Brasil: as pedagogas freireanas...:
Uma pessoa, estudante universitária de jornalismo (que não preciso dizer quem é, mas vocês podem confiar em que o caso é tal qual ela me relatou), foi rebaixada em sua nota de trabalho de redação de uma típica matéria de jornal porque, segundo a ENERGÚMENA da professora, ela "tinha escrito de forma difícil, muito rebuscada, com linguagem acima da média da compreensão dos leitores. Teria de escrever de maneira mais popular, mais compreensível". E pronto, pau: nota 4.
Ministério da Desigualdade « Rolf Kuntz:
Se há preconceito, não é de quem considera errada a violação da gramática. Preconceituoso e elitista é quem condena o pobre a uma instrução de baixa qualidade e ainda o aconselha a contentar-se com isso. (...)

Nas melhores escolas, crianças pré-adolescentes são treinadas para combinar criatividade e rigor. (...) Famílias saídas há pouco tempo da pobreza também reconhecem a importância de oferecer uma boa formação a seus filhos e por isso procuram escolas particulares.
Os livro mais interessante estão emprestado « Augusto Nunes – VEJA.com:
Não é preciso aplicar a norma culta a concordâncias, aprendem os estudantes, porque “o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro”. Assim, continuam os exemplos, merece nota 10 quem achar que “nós pega o peixe”. E só podem espantar-se com um medonho “Os menino pega o peixe” os elitistas incorrigíveis. (...)  A isso foram reduzidos pelo Brasil de Lula e Dilma os professores que efetivamente educam: não passam de “preconceituosos linguísticos”.
Folha.com - Saber - Academia critica livro do MEC que defende erros de português - 16/05/2011 [ver também aqui]:
"Todas as feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem diferente é a tarefa do professor de língua portuguesa, que espera encontrar no livro didático o respaldo dos usos da língua padrão que ministra a seus discípulos", diz ainda a nota.
Folha.com - Saber - Queda do índice de analfabetismo adulto é residual - 16/05/2011:
Dados apontam que os avanços no combate ao analfabetismo entre pessoas de 20 a 49 anos são apenas residuais.
O tal do "preconceito linguístico" - Artigo do professor Paulo Ghiraldelli Jr. no Jornal da Ciência:
Mas, para que possamos considerar o Adoniran um gênio, temos de ter a garantia de que uma boa parte do nosso povo se expresse correntemente na norma culta. (...) Portanto, se a autora de "Por uma vida melhor" autoriza as escolas, direta ou indiretamente, a baixar a guarda diante do uso da norma não culta, confundindo os professores sobre "o certo e o errado", ela acaba tirando da jogada o que queria preservar: a cultura que não segue a norma culta. Ela destrói o que queria proteger. Ela fere os bastiões de valorização da norma não culta, que são criados pelos que sabem o valor da norma culta.
MEC lava as mãos no caso dos livros com erros - Jornal da Ciência:
- Não somos o Ministério da Verdade. O ministro não faz análise dos livros didáticos, não interfere no conteúdo. Já pensou se tivéssemos que dizer o que é certo ou errado? Aí, sim, o ministro seria um tirano - afirmou ontem um auxiliar do ministro Fernando Haddad, pedindo para não ser identificado.
A pedagogia da ignorância - opiniao - Estadao.com.br:
Com isso, embora tenha por diversas vezes prometido melhorar a qualidade do ensino fundamental, Haddad, paradoxalmente, endossou a pedagogia da ignorância. Produzido por uma ONG e de autoria da professora Heloísa Ramos, o livro Por uma vida melhor defende a supremacia da linguagem oral sobre a linguagem escrita, admitindo que "é certo falar errado". Corrigir o erro é "preconceito". (...) Ao impor a pedagogia da ignorância a pretexto de defender a linguagem popular, as autoridades educacionais prejudicam a formação das novas gerações.
Pedro Sette-Câmara: Ministério da Educação, Kulturkampf fracassado:
Agora, antes de tudo, recuso terminantemente a discussão da gramaticalidade da forma “nós pega”. É gramatical em sentido linguístico, descritivo, e agramatical em sentido prescritivo, normativo. Eis o fim da discussão. (...)

Que é um Ministério da Educação? É Kulturkampf, projeto de unificação nacional por meio da uniformização. E hoje queremos ser democráticos e inclusivos etc, fazendo uma paradoxal uniformização pluralista. Não é a sociedade que é plural e que encontra um terreno comum numa norma gramatical, é o governo que usa a força física para acirrar essa pluralidade, para balcanizar mesmo.
Artigo: 'A batalha da língua na guerra das culturas' - vida - Estadao.com.br [exemplo de artigo asinino]:
[S]omos, ainda hoje, culturalmente reféns de uma gramática normativa e de um ideal de correção linguística muito distanciados da norma culta falada e escrita efetivamente praticada.(...) Por fim, cabe-nos reconhecer que as principais decisões sobre a qualidade da educação são de natureza política, mais que técnica. Envolvem disputas de poder sobre os aspectos de nossa cultura que julgamos legítimos e que queremos que sejam transmitidos às novas gerações. [política acima da Ciência? Isso explica muita coisa...]
Preconceito lingüístico e coitadismo lingüístico | Implicante:
O que o lusofóbico desconhece é a noção mais elementar e lógica do saber de Humanas: a norma gramatical segue o uso, e não o contrário. O parvo-rei faz crer a seus parvoetes discípulos que a norma gramatical foi criação de um bruxo maligno que determinou regras complexas demais para alguém que ganha menos de 2 salários mínimos por mês dominarem, e dominadas ipsis litteris por cada dembargador, cirurgião-geral, engenheiro-chefe, jogador de futebol, dupla sertaneja e atriz global de sucesso, apenas com o fito perverso de separar os ricos dos pobres (...)

O sânscrito é conservado e rico desde milênios. O islandês só conseguiu se alterar em quase nada nos últimos 800 anos por ter praticamente 99% de população letrada durante todo esse tempo (e 10% da população islandesa escreve livros). Marcos Bagno pretende erradicar o analfabetismo obrigando cada um a decorar uma enorme gama de variantes da gramática ao invés de uma só.
Para que serve um livro didático de Língua Portuguesa? - artigo da professora Enilde Faulstich no Jornal da Ciência:
A unidade se valia do padrão para criar uma forma de escrever, sem que fosse ipsis verbis cópia da fala, pois em nenhum estágio da língua isso se dá.(...) Dessa cópia de modelos, deriva outra interpretação para os fatos gramaticais registrados nos documentos, que passaram a ser entendidos como uma norma culta da língua. O recado era: culto é aquele que faz igual ao que sabe mais. E as gramáticas modernas e contemporâneas passaram a representar, sob cada regra, um exemplo da 'boa escrita', segundo os escritores consagrados.

O ponto de partida para o acerto e para o erro tem de estar em algum lugar, e esse lugar abstrato é o padrão da língua, que é socialmente aceito. No caso de divergências, a língua portuguesa nada tem a ver com isso, reitero. (...) Se um livro didático, selecionado para o ensino, confunde variação com padrão gera polêmica, porque há uma grande diferença entre falar uma língua e ensinar a falar e a escrever essa língua.
"Os livro" - Editorial da Folha de São Paulo publicado no Jornal da Ciência:
Esse padrão configura apenas um conjunto de convenções que assegura lógica ao funcionamento do idioma, ainda que suas regras sejam eivadas de exceções e anomalias. Daí não decorre, porém, que a norma culta seja um parâmetro inútil ou preconceituoso. Trata-se de um lastro, que também evolui no tempo, cujo sentido é tornar a língua estável e previsível; sem tal garantia, as variações cresceriam de forma desordenada até inviabilizar a própria comunicação. (...)

Em vez da revolução pedagógica que apregoam, o resultado tem sido a implantação despercebida da lei do menor esforço nas escolas. Estuda-se pouco e ensina-se mal.
Saresp mostra baixo desempenho da rede estadual no ensino médio - vida - Estadao.com.br:
Na rede estadual, 57,7% dos alunos do 3º ano do ensino médio com desempenho insuficiente em matemática. Em português, o porcentual caiu para 37,9%. (...) No ensino médio, a rede estadual é a de pior performance em português e matemática. A seguir vêm as escolas mantidas por prefeituras, que tiveram 45,5% dos alunos com desempenho insuficiente em matemática e 32,9% no caso de português. Os porcentuais de aproveitamento só melhoram nas escolas particulares e do Centro Paula Souza.
Se pelo menos ensinassem Português - economia -C.A. Sardenberg no Estadao.com.br:
Em vez de tomar como prioridade absoluta o ensino da língua "oficial", aquela na qual vêm escritos os jornais, os manuais de TI, os livros de Matemática e os de Ciências, abre-se um debate para dizer que as crianças brasileiras podem falar e escrever "os menino pega os peixe". É claro que podem. Mas precisam saber que esse não é o correto. E, se não souberem o correto, não poderão ler aquilo que os vai preparar para a vida profissional e para a cidadania. Vamos falar francamente: uma pessoa que se expressa mal, que conhece poucas palavras e poucas construções, é uma pessoa que pensa mal, que compreende pouco. (...)

Os alunos brasileiros vão mal no Pisa. Apresentam baixíssimo índice de compreensão de textos. Não sabem Português, e esse é um problema social e econômico. A baixa educação simplesmente condena à pobreza. Dizer aos meninos, em livros didáticos, que "nós pega o peixe" está certo não é apenas um equívoco, é um crime. E discutir essas teses é perda de tempo, energia e dinheiro. É como se tivessem desistido. Como não se consegue ensinar o Português, então vale o modo errado. E quem pensa diferente é preconceituoso.
BLOG DO ORLANDO TAMBOSI: Na era lulista, tudo é relativo. Inclusive a língua portuguesa.:
O fato é que o relativismo ético, cultural e cognitivo do petismo chega agora ao idioma. Não há verdadeiro e falso, certo e errado. Lula já tinha ensinado que os mensaleiros não cometeram crime, mas apenas erraram. (...) Mas a escola que adotá-lo estará, contra a elitista "língua burguesa", destruindo o futuro do estudante: ele não aprenderá a falar nem escrever direito e, portanto, será reprovado em qualquer concurso ou emprego. E não adianta o coitado dizer que não cometeu erros...
Solecismos e outras bobagens "MEC-apoiadas" | Brasil 247:
Segundo consta, o livro rodou quase 500 mil exemplares distribuídos para uma população do programa EJA - Educação para Jovens e Adultos. Rendeu a editora 5 milhões de reais. 700 mil pilas para a autora que saiu em defesa de sua obra em cadeia nacional.

Ruy Castro, escritor e jornalista, afirmou que a obra que mais lhe rendeu foi a biografia do Garrincha (Estrela Solitária): 70 mil reais. Paulo Coelho raramente roda mais do que 100 mil exemplares de qualquer livro de uma só vez porque há o risco do encalhe. Mas, por outro lado, vender pro governo é ótimo, já se sai com meio milhão de cópias garantidas.
Blog do André Forastieri » Os mano do MEC:
Eu, que sou de Piracicaba e paulistano adotado, solto "as mina" com frequência alarmante. Por isso me solidarizei momentaneamente com as novas vítimas do preconceito, que livros como esse certamente criarão. Passou assim que li a explicação do MEC: o livro atende aos seus parâmetros, a língua portuguesa tem muitas variedades, grupos sociais diferentes falam diferente!
Blog da Janice: Recebendo e prestando esclarecimentos:
Com as leituras e os esclarecimentos recebidos aqui e no Twitter, entendi perfeitamente o ponto de vista dos especialistas em linguística. Isoladamente considerado, até que faz sentido. Entretanto, penso que há outros aspectos que devem ser considerados, dos pontos de vista educacional, pedagógico e do ensino da Língua Portuguesa de acordo com os programas oficiais dos cursos regulares e das regras para o vestibular. O ensino na vida real é um desafio para educadores e professores de todas as matérias e seja qual for a classe social dos alunos.
Por uma vida pior - politica - Estadao.com.br:
Pelo raciocínio, concordância é uma questão de escolha. Dizer “nós pega o peixe” ou “nós pegamos o peixe” dá no mesmo. “Os menino” ou “o menino”, na avaliação do MEC, são duas formas “adequadas” de expressão, conforme o conceito adotado pela autora, Heloísa Ramos, note-se, professora. A opção pelo correto passa a ser considerada explicitação de “preconceito linguístico”. (...) Aceitar como correta a argumentação de que a linguagem oral se sobrepõe ao idioma escrito em quaisquer circunstâncias e que não existe mais o “certo” nem o “errado”, mas sim o “adequado” e o “inadequado” em face das deficiências educacionais, equivale a aceitar a revogação de todas as regras. (...)
BBC Brasil - Notícias - Brasil é 3º país com mais escassez de talentos no mundo, diz pesquisa:
O relatório afirmou que a região das Américas é a mais problemática para os empregadores que precisam preencher vagas de trabalho. A média regional de escassez de talento é de 37%, acima da mundial. A região carece de técnicos, representantes comerciais, trabalhadores qualificados e com conhecimento na sua indústria, engenheiros e pessoal de apoio para cargos secretariais e de assistente.
[bonus link] Alerta aos pais | Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil:
Em 2007, segundo dados da Revista Época, seus livros alcançaram 10 milhões de exemplares vendidos. De acordo com seu editor, eles são usados por mais de 50 mil professores, tanto em escolas públicas, quanto em escolas privadas. (...)

Naquela ocasião o MEC avisou que o livro de Mario Schmidt havia sido rejeitado por uma comissão avaliadora e não faria parte do guia do livro didático para o Ensino Fundamental em 2008. Entretanto, como vimos, o livro Nova História Crítica para o Ensino Médio – volume único participou normalmente do processo e foi recomendado pelo Catálogo. No ano passado, registre, o MEC adquiriu 77 mil exemplares desse mesmo livro. (...)

A linguagem é chula, o maniqueísmo é escancarado, há simplificações grosseiras, deturpações e omissões propositais. E, claro, muita doutrinação ideológica. (...) É possível qualquer interpretação além daquela em que Reagan foi um idiota nazista? O que vai acima não uma exceção, é a regra. O maniqueísmo do livro não é só perceptível, ele está na letra fria do texto. O que Mario Schmidt diz sobre a visita de Reagan à Alemanha é, no mínimo, escandaloso. Aliás, no livro não há qualquer referência ao discurso de Reagan em frente ao Portão de Brandemburgo em 1987. Sim, aquele discurso em que Reagan diz “Senhor Gorbatchev, derrube este muro!” Um dos fatos mais relevantes do Século XX é sonegado dos estudantes, que recebem a versão “Reagan foi à Alemanha louvar seus heróis nazistas”.


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