quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Capitalismo de Laços - o homem de palha do liberalismo brasileiro

Seguindo a dica do Marcelo Soares (que aliás não sei se era crítica ou elogio), fui procurar alguma coisa sobre o livro "Capitalismo de Laços - os donos do Brasil e suas conexões", de Sergio Lazzarini.

Encontrei um resuminho na descrição de uma Aula Magna dada pelo autor:
Apesar dos eventos de liberalização econômica no Brasil a partir da década de 90, o capitalismo brasileiro reforçou suas características relacionais: aglomerações de proprietários em consórcios, intensa participação acionária de atores ligados direta ou indiretamente ao governo (notadamente, BNDES e fundos de pensão de estatais), junção de firmas em grupos empresariais sob os mesmos controladores e intrincadas conexões entre empresas e o sistema político via doações de campanha eleitoral. A evolução e as implicações econômicas desse "capitalismo de laços" são discutidas na apresentação.
Há também um bom resumo neste artigo de Elio Gaspari, replicado no blog do Noblat:
Entre 1996 e 2009 a rede do Estado e dos burocratas de caixas de pensão da Viúva expandiu-se. Cruzando-se numeros do banco de dados de Lazzarini descobre-se que, em 1996, num universo de 516 grandes empresas, o BNDES e os fundos Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa) participavam de 72 sociedades.

Em 2003, numa amostra de 494 companhias a Boa Senhora estava em 95. Em 2009, num universo de 624, o Estado tinha um pé em 119 empresas. O trabalho do professor chegará nas próximas semanas às livrarias, com o título de "Capitalismo de laços". (...)

"Capitalismo de laços" começa recontando a investida recente do palácio do Planalto, do fundo de pensão Previ e do empresário Eike Batista sobre os administradores da Vale. Em tese, a Vale é uma empresa privada. Na prática, pelos "laços", o governo é seu maior acionista e, na ocasião, Batista era o melhor amigo.

Segundo a revista Forbes, ele é o homem mais rico do Brasil. Em 2008, foi o maior patrocinador privado do filme "Lula, filho do Brasil" e, em 2006, o maior doador individual na campanha que reelegeu Nosso Guia. Quem teria sido o maior doador corporativo? A Vale.
Mas o que mais me motivou a ler o livro foi esse comentário do PHA sobre o livro (que eu duvido que ele tenha lido):
Por fora, ciência – a análise dos “laços” econômicos. “Laços” entre os empresários brasileiros, o Estado, o BNDES e os fundos de pensão de empresas estatatais, especialmente a PREVI do Banco do Brasil.

Por dentro, ideologia pura, na veia. Trata-se de ciência para espinafrar o capitalismo brasileiro do Lula.
Pois é, ciência assim burguesa deveria ser abolida não é mesmo? Onde já se viu atacar nosso messias com fatos? Se o lulismo é uma religião, já temos nossos criacionistas. E ao ver as resenhas de quem de fato leu o livro, fica claro que o autor não poupa governo algum. Como diriam Roberto Campos ou Carlos Alberto Sardenberg, o liberalismo nunca deu o ar de sua graça no Brasil. Mas continua sendo a Geni de muito desavisado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Eu costumo aceitar todos os comentários que não sejam ofensivos ou SPAM. Mas antes, leia a política de comentário do blog. Aceite, do fundo do seu coração, que seu comentário poderá ser rejeitado.

Por favor, não inclua nem mesmo na sua assinatura links comerciais ou que não sejam relacionados ao post - o comentário será rejeitado e entrará na fila de SPAM.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails