terça-feira, 21 de setembro de 2010

Jornalistas devem ter cuidado com as fontes, especiamente quando não conhecem o assunto

O El País costuma ter uma cobertura excelente dos tópicos que aborda, e apesar de não cair no conto do "isentismo" (a versão jornalística do "teach the controversy") não deixa que suas opiniões afetem a leitura. Mas creio que a jornalista Soledad Gallego-Díaz está pesando um pouco nos dois últimos artigos. Talvez ela deva diversificar mais suas fontes, dado que o que na reportagem do dia 20 aparecia como fato... :
Es en la calle donde José Serra ha perdido las elecciones frente a un presidente, Lula, que no es candidato, pero que actúa realmente como si lo fuera, y en televisión, donde Dilma ha demostrado que es algo más que la candidata de Lula.
...era na verdade opinião de petista (como relatado no artigo do dia 21):
"Es injusto que se diga que toda la campaña es Lula", se queja una colaboradora de Dilma. "El mérito de ella es muy grande: en los debates y en los espacios de televisión ha sabido demostrar que es seria, capaz, una alternativa creíble. Ha ganado algún debate con más del 56% de los espectadores consultados. Sin todo esto, el apoyo de Lula sería insuficiente", asegura. (...)

"Pero se equivocan quienes creen que será una marioneta, ni de Lula ni del PT", asegura su colaboradora.
Façamos de conta que os 56% não são apoiadores de Dilma, e que só lhe tem elogios aconteça o que aconteça.

A jornalista também comprou facilmente versões que lhe foram sopradas pelo PT no seu primeiro artigo: das críticas internas do partido, de que os dirigentes do PSDB estão mais interessados em Minas e SP do que na campanha presidencial (usando o velho recurso de colocar São Paulo contra Minas). Além de duas contradições no texto: 1) a jornalista diz que o erro de Serra foi apostar em uma campanha leve ("suave"), mas também diz que se equivocou ao lançar-se contra Lula; 2) diz que a derrota humilhante (!!) de Serra se dá mais por seus erros do que por acertos de Dilma - apesar de citar apenas o uso da imagem de Lula -, mas depois diz que a competição se dá nos comícios (onde Dilma tem a estrutura Lulista), na propaganda obrigatória (onde Dilma leva vantagem) e nos debates (onde Dilma faltou a quase todos).

Eu comuniquei um erro na reportagem (o nome de Alckmin está grafado "Geraldo Alckrim", duas vezes), mas ainda não corrigiram. E o segundo artigo está muito melhor, onde a jornalista tenta ao menos distinguir entre fato, versão e opinião. Confundir petista com "o povo" não dá.

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