quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Extirpar o DEM da política ou livrar-se do PT por 30 anos

Claro que derrotar um partido sucessivamente não é a mesma coisa que eliminá-lo da política. Mas ainda que as duas expressões sejam igualmente infelizes - e a política brasileira tem mostrado uma espetacular propensão ao tu quoque mesmo quando se inova na baixaria - não é verdade que a frase de Jorge Bornhausen não foi contestada. Ela tem sido distorcida e repisada desde então, para se encaixar à narrativa que os revisionistas tentam impor (mesmo a Dilma já inventou que a frase original era "acabar com a raça"...). Seguem alguns artigos relevantes, da época.

Colunista condenado por crime de opinião (observatório da imprensa, 2/11/2006):
A expressão "raça" utilizada por ele gerou manifestações de repúdio no governo, no PT e em esferas da esquerda. Cartazes acusando o senador de racismo chegaram a ser distribuídos em Brasília. Diante da repercussão, o senador, que também é presidente do PFL, publicou um artigo no jornal Folha de S.Paulo, em 29 de setembro, em que tentava explicar o uso da expressão.
Emir, o mártir (VEJA de 22 de novembro de 2006) :
Sader escreveu um artigo no site da Agência Carta Maior, no qual chamou o senador de "racista" e "assassino", entre outras amabilidades. Bornhausen, então, o processou por injúria. No fim de outubro, o sociólogo foi condenado a um ano de detenção em regime aberto e a perder o cargo de professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Por ser réu primário, a pena foi convertida pelo próprio juiz em serviços comunitários. (...)

Como não estamos em Cuba, Sader, é claro, pode recorrer da sentença em primeira instância. Mas seus amigos e colegas de partido, para gáudio e orgulho do próprio interessado, partiram para a pressão sobre a Justiça, na tentativa de reverter a decisão no grito. Lançaram um manifesto com milhares de assinaturas e andam a escrever artigos indignados, numa prova impressionante de como essa raça tem tempo ("raça" na acepção nove do Aurélio, bem entendido, a mesma usada por Bornhausen).
Lula diz que sociólogo Emir Sader "ousou defender sua raça" (G1, 25/11/2006):
Ele foi convidado para compor a mesa dos trabalhos da reunião do Diretório Nacional da legenda que ocorre hoje. "A sociedade brasileira não pode aceitar que um cidadão se dê ao luxo de querer castigar um companheiro que ousou defender sua raça", disse Lula em discurso, ressaltando que é nas crises que se conhecem os amigos.

[Marco Aurélio] Garcia preferiu vincular a condenação de Sader ao período da ditadura militar.
Ou seja, Lula até endossou o uso do termo raça por Jorge Bornhausen (que afirmou que "a gente vai se ver livre dessa raça por pelo menos uns 30 anos" prevendo a derrota do PT em 2006 após mensalão, aloprados, etc.). Eu usaria a expressão "quadrilha", para ficar claro que se refere aos criminosos, mas tudo bem. Aliás, procurando mais informações sobre o caso, descobri como se pode usar seletivamente a popularidade para absolver políticos.

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