segunda-feira, 14 de junho de 2010

A soberba diplomática de Lula

Quatro editoriais e uma notícia no Estadão.

Bolívia, problema real  - 13 de junho:
Dados do United Nations Office on Drugs and Crimes, para a Bolívia, mostram que a área plantada com folhas de coca tem aumentado sistematicamente desde 2001, passando de 21 mil hectares naquele ano para 30 mil hectares em 2008, um crescimento de 43%. Para o ano de 2009, a Drug Enforcement Administration (DEA), órgão do governo americano, informa que a área plantada teria alcançado 35 mil hectares. Trata-se de área muito superior aos 12 mil hectares permitidos por uma lei de 1988, mesmo quando acrescida dos 3.200 hectares adicionais autorizados para a região do Chapare, no Departamento de Cochabamba, em 2004. O mesmo órgão das Nações Unidas estima que a capacidade de produção de folha de coca, assim como de cocaína, elevou-se em quase 100%, ou seja, praticamente dobrou entre 2001 e 2008.
Os erros da política externa - 12 de junho:
O problema é que dois erros não fazem um acerto. E o erro original foi o governo brasileiro, tomado por absurda soberba, ter julgado que poderia levar o Irã a abandonar pela via negociada o seu programa nuclear, e que a comunidade internacional, penhorada e agradecida, passaria a acreditar nos bons propósitos de Teerã. (...)

A diplomacia lulista cometeu mais um grave erro de avaliação quando tentou se imiscuir nos assuntos do Oriente Médio. Primeiro, Lula ofereceu seus bons serviços para obter a paz entre palestinos e israelenses -- oferta que foi recusada com rascante ironia pelas duas partes. Depois, foi a vez do, digamos, equívoco iraniano.

Esses e outros fiascos se devem a uma interpretação enviesada da evolução e da tendência dos acontecimentos mundiais. Em seu antiamericanismo visceral, os assessores internacionais de Lula acreditam que a superpotência está em declínio, que o mundo experimenta uma fase de multipolaridade e que do diretório multipolar fazem parte os países emergentes, com grande destaque do Brasil.

''Itamaraty no improvisa'' - 12 de junho:
Por que razão o Brasil decidiu envolver-se num conflito tão complexo e explosivo como o programa nuclear iraniano, numa região tão longe de nós, ao lado de um parceiro tão distante dos valores e dos interesses da sociedade brasileira? (...)

No caso do Brasil, a aventura do Irã é incompreensível, sobretudo quando persistem vários contenciosos perto de nós, em relação aos quais não tentamos ou não logramos, aí, sim, mediar um entendimento. Os exemplos são vários, como a disputa sobre as "papeleras" entre o Uruguai e a Argentina; a virtual paralisia do Mercosul, como resultado das sucessivas medidas protecionistas da Argentina; e um retrocesso na integração sul-americana, pela falta de uma visão compartilhada entre os países da região e, especialmente, em decorrência dos desentendimentos entre vários de nossos vizinhos.
Brasil ignora ameaça americana e promete enviar etanol a Teerã:
Na percepção do Itamaraty, as sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU contra o Irã não restringem a exportação de etanol para o país persa. "Vamos exportar para onde quisermos, nossa prioridade é abrir mercados", disse uma fonte do governo. "As sanções da ONU não proíbem a venda de etanol, então não sei porque haveria problema. O Brasil não vai se impor sanções voluntárias", afirma.

Mas a mesma fonte oficial declara que a decisão de exportar obviamente fica a cargo do setor privado, que decide para quem vender, pesando riscos de sofrer eventuais retaliações dos EUA.

Os empresários brasileiros, por sua vez, não têm nenhuma intenção de exportar etanol para o Irã. Adhemar Altieri, diretor de comunicações da Unica, entidade que representa produtores de etanol, disse que não há projeto nem de curto nem de longo prazos de vender etanol para o Irã.


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