sexta-feira, 19 de junho de 2009

O abuso de autoridades a serviço do duplipensar

Trechos de editorial do Estadão sobre o comício de Antonio Candido e Marilena Chauí:
Depois de invadir o restaurante em plena hora do almoço, cerca de 300 grevistas liberaram a catraca, deixaram os usuários comer de graça e justificaram a iniciativa em nome do direito sagrado de fazer greves, piquetes e ocupações de próprios da USP.
(...)
Candido afirmou que a instituição foi criada para a elite e que, em seus primórdios, ela não analisava questões sociais. Por ironia, as principais atividades que os grevistas por ele apoiados conseguiram suspender, como “bandejões”, creches e ônibus circulares, são, justamente, as que atendem os servidores e os alunos pobres.
(...)
A verdade é que, com 15 mil funcionários, 80 mil alunos e 5,4 mil professores, a maior instituição brasileira de ensino superior está vivendo uma crise deflagrada por uma minoria de sindicalistas, professores e estudantes vinculados a grupelhos políticos radicais e sem representatividade.
(...)
Não fosse essa a situação real, não haveria necessidade de piquetes nem de ocupações violentas da Reitoria que o professor Antonio Candido não considera “violação do direito sagrado de uma pessoa opinar”. Para ele, piquetes e ocupações pela força bruta são, no máximo, “exageros” que ele aplaude e estimula.
Excerto de carta de José Álvaro Moisés no Estadão em resposta ao discurso de Antonio Candido:
Apesar de respeitá-lo, não posso concordar com a afirmação do professor Antonio Candido de que a presença da polícia no câmpus da USP “é a violação do direito sagrado de uma pessoa opinar”. Essa violação começou quando minorias radicais de manifestantes usaram a força para impedir professores, funcionários e alunos de desenvolverem suas atividades acadêmicas. A aula que Antonio Candido e Marilena Chauí deram não foi impedida por ninguém, mas colegas meus têm sido impedidos de ensinar.
Trechos de artigo de Roberto Macedo no Estadão:
Seria apenas mais uma greve desse tipo, exceto pela presença da Polícia Militar (PM) no câmpus, como resultado da ação de integrantes do movimento grevista, que chegaram a ocupar instalações da universidade e a impedir o trabalho nelas.
(...)
Diante de gente que atropela princípios básicos da boa convivência humana, como o direito de ir vir e o cerceamento ao trabalho, consagrados pela nossa Constituição, fazer o quê? Portanto, deve ficar claro que quem levou à vinda da PM foram os que deixaram de cumprir esses preceitos, impondo a força. Em que outros países e universidades do mundo civilizado não haveria a mesma reação defensiva tomada pela reitora?
(...)
Surpreendente mesmo é o pleito de dar fim à Universidade Virtual do Estado de São Paulo, da qual participa a USP e que deverá criar, nos próximos quatro anos, 6,6 mil vagas de nível superior e 110 mil de pós-graduação.
(...)
Trata-se de impedir que no ensino superior público paulista haja esse esforço de democratizá-lo. É verbo muito alardeado pelos integrantes do movimento, mas com geografia, sujeitos e objetos limitados apenas aos de sua conveniência.
Eu me espanto com a circularidade dos grevistas: só há negociações se as reivindicações forem atendidas - o que torna as negociações desnecessárias, não? Por exemplo, agora a saída da Polícia consta das reivindicações dos grevistas e só haverá diálogo após a saída da polícia...

E a lista cresce.



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