terça-feira, 28 de outubro de 2008

Como os intelectuais gastam nosso dinheiro

Reinaldo Azevedo comenta, no seu blog, entrevista folhetinesca de Maria Victoria Benevides (petista da Faculdade de Educação da USP) à Folha. Trechos a seguir:
FOLHA - Segundo o IBGE, em 2006 a taxa de luz existia em 3.893 municípios, e a taxa do lixo, em 2.753. Ou seja, elas existem na maioria das cidades, e não causam tanta celeuma.
Quanta precisão! Pois é. Por que o PT não decidiu fazer, como se diz, uma luta política e defender a taxa, a exemplo do que faz Puls? Mas ele foi o primeiro a recuar. Retiro Puls da perplexidade: como essas taxas não existiam em São Paulo, o paulistano preferiu continuar, como direi?, sem elas. Povo só gosta de pagar taxa e imposto na cabeça de esquerdista.

BENEVIDES - E principalmente aqui em São Paulo, para a imensa maioria das pessoas, era um valor ridículo. Eu me lembro que minha faxineira veio reclamar disso, e eu perguntei quanto ela pagava de taxa de lixo. Era R$ 3. O filho dela estudava num CEU e ele ia e voltava da escola numa van da prefeitura, mas o que ficou foi a tal taxa do lixo, porque isso foi superdimensionado pelos adversários.
O raciocínio de Benevides é o mesmo que fez Lênin antes de decidir que o melhor a fazer com o povo contra-revolucionário era passar fogo. Povo é muito injusto mesmo, dona Benevides. Veja o caso de sua faxineira... A senhora doida pra fazer justiça social, enquanto ela tira o pó dos móveis, e ela se ligando a reacionários. É por isso que a esquerda revolucionária abole eleições. Para evitar que ignorantes como a faxineira de Dona Benevides impeçam a patroa de fazer a resolução social. O PT precisa urgentemente criar umas faxineiras no fundo de seu quintal ideológico para não chocar a ala intelectual do partido.

...

BENEVIDES - O PT nacional se beneficiou enormemente das políticas regionais e municipais no governo Lula. O PT no resto do Brasil está ligado a propostas e projetos locais, nos quais o conteúdo ideológico é muito pequeno, e a presença da classe média também. Essa classe média forte, organizada, com imprensa, universidades, pequenos e médios empresários, é imensamente mais forte aqui. Dificilmente existe, no resto do Brasil, essa rejeição forte e absoluta ao PT que existe em São Paulo.
Esta mulher é escandalosa! Está claro, a esta altura, que ela não gosta do resultado eleitoral de São Paulo ou da rejeição que o PT sofre aqui. Logo, ela prefere o contrário. Ela prefere o Brasil onde a classe média é fraca, desorganizada, sem imprensa, sem universidades, sem médios empresários. O bom Brasil, aquele onde viceja o PT, admite Dona Benevides, é o da ignorância, da pobreza, da mixuriquice, sem nem a imprensa para encher o saco. Dona Benevides está dizendo que gente mais esclarecida não suporta o PT. Eu acho que ela tem razão. Mas, se depender dela, tudo isso muda.

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