sábado, 6 de setembro de 2008

Eugenia comunista, ética educacional e o subsídios anti-ecológicos

Trechos de três textos assinados no Estadão.

Demétrio Magnoli, em 4 de Setembro:
O educador Zhang Boling (1876-1951) fundou, em 1904, o Colégio Tianjin Nankai, um centro preparatório da elite chinesa por onde passaram, entre outros, os primeiros-ministros Chou En-lai e Wen Jiabao. Sob a influência das public schools da Inglaterra vitoriana, ele instituiu a educação física na sua "Família de Escolas Nankai", lançou as bases do Comitê Olímpico Chinês e delineou um programa nacional: "Uma grande nação deve primeiro fortalecer a raça, uma grande raça deve primeiro fortalecer o corpo."

Não havia originalidade, mas importação, no programa de Boling. O inglês Francis Galton, primo de Charles Darwin, cunhara em 1883 o termo eugenia e defendia a regulamentação dos matrimônios em razão das virtudes e dos defeitos hereditários dos casais. Nos EUA, inspirado pelas idéias de Galton, Theodore Roosevelt instituiu uma Comissão de Hereditariedade com a missão de estimular o aperfeiçoamento físico e intelectual da raça. Leis de esterilização foram passadas em alguns Estados americanos a partir de 1907, enquanto a Suécia e a Suíça conduziam programas oficiais eugenistas. Sob a presidência de Leonard Darwin, filho do célebre naturalista, reuniu-se em Londres, em 1912, a Primeira Conferência Internacional de Eugenia. Quatro anos depois, Madison Grant publicaria The Passing of the Great Race, obra seminal para o nazismo, que inseria o eugenismo numa moldura racial.
Mozart Neves Ramos, em 5 de Setembro
Em linhas gerais, uma Lei de Responsabilidade Educacional estabelecerá a exigência do tratamento ético dos recursos da educação e da busca constante da melhoria da qualidade no ensino público, baseada em metas mensuráveis. Ao mesmo tempo, deve vincular a aplicação de recursos financeiros à conquista desses resultados. Para tanto a União, os Estados e os municípios devem estabelecer um regime de colaboração norteado pela divisão equilibrada de atribuições, avançando-se rumo a um sistema nacional de educação estável e cooperativo.

Essa discussão, entretanto, vai mais além da fixação dessas regras, como mostrou o seminário realizado em Brasília. É preciso que os conceitos de ética, qualidade e responsabilidade representem os pilares sobre os quais se apóie toda e qualquer ação que compõe o universo educacional em todas as instâncias de gestão. Como bem frisou o documento assinado pelos participantes do seminário, todo o processo de aprendizagem deve ser marcado pela ética e pela responsabilidade. Assim, não é possível que se permita, por exemplo, que os estudantes venham a ser promovidos sem que tenham o domínio dos conteúdos previstos para cada etapa da trajetória escolar. Também é crucial garantir que nenhuma criança, nenhum jovem ou adulto seja vítima de discriminação em função de etnia, origem social, ideologia, religião ou qualquer outra característica.
Washington Novaes, em 5 de Setembro
Outro relatório, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, pede que todos os países deixem de subsidiar o uso de energia, porque esse caminho, além de não ajudar os pobres, desperdiça recursos e é ruim para o cenário do clima. Em alguns países, os subsídios à energia são maiores que os recursos destinados à educação e à saúde. Quem mais subsidia é a Rússia (US$ 40 bilhões anuais), seguida do Irã e do Afeganistão. Mas o Brasil não está fora, principalmente em setores como o dos eletrointensivos (alumínio, ferro gusa), que consome quase 30% da energia total no País, em grande parte na produção de bens exportados. Se todos os subsídios à energia fossem eliminados, diz o relatório, as emissões de gases cairiam 6% - o que não é pouco, em 2007 elas cresceram 2,8%. De Boer sugeriu também que os países comecem a inventariar suas emissões nas áreas da produção do cimento, do aço e do alumínio. Mas os países produtores protestaram, alegando que esse caminho dará margem a que os importadores imponham taxas na entrada desses produtos.

...

Quase ao mesmo tempo que se discutia o clima em Acra, da Semana Internacional da Água, em Estocolmo, veio uma notícia surpreendente: o Brasil lidera a importação "virtual" de água no mundo, pois há mais uso do líquido implícito em produtos que importamos (commodities, tecidos e outros) do que nos itens que exportamos (principalmente carnes e grãos). Seriam 199 bilhões de metros cúbicos anuais importados, ante 91 bilhões exportados, com um saldo negativo de 107 bilhões de metros cúbicos anuais . Até aqui se argumentava que o Brasil era grande exportador virtual e deveria exigir compensação por isso dos países industrializados. Agora...

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