sábado, 7 de novembro de 2009

Prá quem não respeita a constituição um acordo não é nada

Trechos de artigos da BBC Brasil desta semana, que tem acompanhado os acontecimentos em Honduras (os títulos são meus).

O governo interino cumpre sua parte (6 de novembro):
O ex-ministro do governo interino, Rafael Pinera Ponce, disse que "Roberto Micheletti é o presidente constitucional da República (...) e corresponde a ele liderar esse gabinete".

Ao ser questionado sobre a ausência do presidente deposto, Manuel Zelaya, na liderança do novo governo, Ponce disse que o acordo firmado entre as duas partes que disputam o poder no país não prevê a restituição imediata do presidente deposto à Presidência.

O acordo prevê que o Congresso vote o retorno de Zelaya à Presidência, mas não define prazo para a votação.

Na quinta-feira à tarde, o gabinete do governo interino apresentou a renúncia de todos os ministros que haviam assumido o cargo desde o golpe do dia 28 de junho, quando Zelaya foi deposto e expulso do país, abrindo caminho para a formação do novo governo de unidade nacional.
Zelaya prefere o dualismo herói-vítima (6 de novembro):
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, declarou, por meio de um porta-voz, que fracassou o acordo firmado para tentar pôr fim à crise política no país.

Micheletti disse que Zelaya não enviou uma lista de representantes e que agiu para cumprir o prazo. Mas o presidente deposto havia dito antes que abandonaria o acordo se o Congresso não realizasse uma votação para que ele voltasse ao poder.

Além de ter declarado o fracasso do acordo, Zelaya afirmou ainda que não vai reconhecer o resultado das eleições planejadas para 29 de novembro.

No início desta semana, o governo de Micheletti divulgou um comunicado à imprensa afirmando ter solicitado aos principais partidos políticos e candidatos presidenciais, inclusive a Zelaya, uma lista de dez nomes de pessoas que poderiam formar o novo governo.
Fica difícil defender Zelaya (7 de novembro):
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, pediu nesta sexta-feira para que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o governo interino do país cumpram “sem subterfúgios” o acordo assinado pelas duas partes para acabar com a crise política do país.

"As medidas aprovadas no acordo são claras e foram aprovadas voluntariamente por ambas as partes", disse ele por meio de um comunicado.

Zelaya diz acreditar que o calendário do acordo exigia resolver primeiro a questão da presidência da República, embora o pacto assinado não estipulasse uma data para a votação do Congresso.

Os EUA disseram que reconheceriam as eleições de 29 de novembro mesmo se Zelaya não for restituído.
Na reportagem acima há uma sentença onde a BBC prefere a poesia aos fatos: "O Congresso não se reuniu para discutir o assunto e Micheletti anunciou que iria ser o chefe do governo de unidade nacional". Nas duas reportagens anteriores (atualizadas em 6 de novembro) a própria BBC descreve a atuação do Congresso - ou só a sincronicidade Jungiana explica a renúncia dos ministros? - e o anúncio de Rafael Ponce.

O governo interino prossegue na tentativa de reconciliação (7 de novembro):
Micheletti havia afirmado que o novo governo seria apresentado e passaria a operar no país ainda nesta sexta-feira, mas o líder interino diz ter reconhecido a necessidade de um “compasso de espera” já que o presidente deposto, Manuel Zelaya, se negou participar do governo de coalizão antes de ser restituído à Presidência.

"Dando novamente espaço de reflexão ao senhor Zelaya, o presidente Micheletti ratificou no dia de hoje sua disponibilidade a reconhecer que é importante um compasso de espera durante este fim de semana para conseguir concretizar o governo de unidade e reconciliação", anunciou o governo interino por meio de um comunicado.

Para evitar rimas desagradáveis, o legítimo pai dos pobres ilegítimos Fernando Lugo resolve seguir os conselhos de Chávez (que tem funcionado em terras brasilis):
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, demitiu, nesta quarta-feira, os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica após negar a possibilidade de um golpe militar contra o governo.

Segundo um comunicado divulgado pelo setor de imprensa das Forças Armadas, Lugo deve empossar novos comandantes na quinta-feira. A decisão de Lugo foi tomada um dia depois de ele ter negado, em entrevista coletiva, que haveria um plano de um golpe militar contra o governo.

Os rumores sobre o suposto plano de golpe de Estado começaram a surgir com uma declaração do secretário de relações internacionais do Partido Comunista Venezuelano (PCV) e vice-presidente do Grupo Venezuelano do Parlamento Latino-americano (Parlatino), Carolous Wimmer.

Segundo a imprensa local, ele teria dito que os Estados Unidos e setores da direita paraguaia queriam concretizar um “golpe contra o governo de Lugo”.
Ou seja, uma declaração de um venezuelano de extrema-esquerda acusando a conspiração de sempre é capaz de abalar a ordem institucional paraguaia.

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