quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Chantagem cubana e educação por decreto

Resumo da semana usando trechos de editoriais do Estadão...

O jogo dos reféns (25 de Dezembro) assinado por Demétrio Magnoli, onde ele comenta sobre a expectativa de Cuba com o novo presidente americano, e o papel de tolo que o Brasil tem feito nessa pantomima:
"Mesmo que nada tivesse acontecido aqui, essa reunião valeu a pena só pelo fato de o Grupo do Rio ter aprovado a volta de Cuba." Lula é muito claro, quando quer. Essencialmente, nada aconteceu na Calc exceto isto: ao incorporar Cuba, o Grupo do Rio extinguiu-se como mecanismo de consulta de países democráticos da América Latina e construiu um novo degrau na escada que conduz ao cancelamento da OEA. O degrau prévio foi a criação do Conselho Sul-Americano de Defesa, também patrocinado pelo Brasil.

(...)

"Estamos dispostos a falar com o senhor Obama, mas em absoluta igualdade de condições." Na linguagem de Castro, "igualdade" significa equalizar o estatuto dos presos de consciência, que são cidadãos cubanos encarcerados por criticarem a ditadura, com o de cinco comprovados espiões, condenados em 2001 e elevados à condição de heróis nacionais pela máquina de propaganda do regime. A proposta escancara uma concepção de mundo: para Havana, um gesto de divergência política converte o dissidente em agente estrangeiro, "espião" a soldo dos EUA. Nos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, Lula não levantou a voz para protestar contra essa interpretação indecente da "igualdade".

A ditadura cubana é um ícone da maior parte da esquerda latino-americana porque conserva o sistema de partido único, que figura como seu ideal adorado, mesmo se hoje impossível. Raúl Castro precisa equiparar os dissidentes a espiões para preservar um elemento crucial da lógica do regime: o privilégio de usar como reféns os que ousam discordar, prendendo-os ou soltando-os segundo as conveniências cambiantes de política interna e externa. Vergonhosamente, o Brasil de Lula tornou-se o principal sustentáculo diplomático de um governo que trata cidadãos como reféns.

Mudança no ensino médio (22 de Dezembro), editorial sobre a reformulação do currículo do ensino médio proposta pelo Ministério da Educação:
Como se vê, essa é mais uma polêmica iniciativa do governo federal, que, nos últimos tempos, vem se especializando em anunciar projetos "politicamente corretos" em matéria de educação, ficando com os dividendos eleitorais e deixando aos Estados a responsabilidade por sua implementação e pelos encargos financeiros.

O exemplo mais ilustrativo dessa estratégia é a lei que criou o piso salarial nacional do professorado e determinou que um terço da carga horária dos professores seja destinada a atividades extraclasse. Enquanto o presidente Lula "faturou" politicamente a iniciativa, os governadores, sem condições orçamentárias para aumentar os salários dos docentes e contratar mais professores, tiveram de argüir, no Supremo Tribunal Federal, a inconstitucionalidade do piso salarial - que foi mantido - e da jornada extraclasse - que foi extinta -, arcando com o desgaste político que esse tipo de medida acarreta.


Powered by ScribeFire.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Eu costumo aceitar todos os comentários que não sejam ofensivos ou SPAM. Mas antes, leia a política de comentário do blog. Aceite, do fundo do seu coração, que seu comentário poderá ser rejeitado.

Por favor, não inclua nem mesmo na sua assinatura links comerciais ou que não sejam relacionados ao post - o comentário será rejeitado e entrará na fila de SPAM.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails