sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Dualética (quando o céu da razão se ilumina)

série de posts inspiradíssimos, publicados por Reinaldo Azevedo (começa aqui):
Saiba o que é a “dualética”
Vocês sabem. Se a CPMF tivesse sido aprovada ontem, o governo teria logrado uma vitória espetacular. Como a contribuição foi rejeitada, então se trata de uma derrota do PSDB. É o que se pode ler por aí.Essa é a “dualética” esquerdopata. O que é “dualética”?São as migalhas que caem do banquete dialético do petismo graúdo, recolhidas pela, por assim dizer, ética petralha. Está definida a “DUALÉTICA”. Segundo essa ética dual, o PT ganha quando perde, e a oposição perde quando ganha.

A cabecinha oca de um dualético

Segundo o melô do jornalismo “dualético”, Lula tem o poder de definir responsabilidades e culpas. É promotor, jurado e juiz. Se Apedeutakoba decidir que todos os males da Saúde decorrem do fato de DEM e PSDB terem ajudado a derrubar a CPMF, então assim será. Às oposições, resta o silêncio.

Quem, de fato, acha que tudo o que há de mal no Brasil deriva da ação das oposições é o jornalista “dualético”. Na sua ética dual, o PT defender hoje o que rejeitava no passado é adesão à racionalidade; se a oposição faz o mesmo, então se trata de um crime. Afinal, por dual, trata-se de uma ética ambígua, de duas faces, de duas caras. Mas com um só patrão, louve-se...

O jornalista dualético é conseqüência de um poder também dualético, embalado pela “metaRmofose ambulanto” do Maluco Beleza. Na cabecinha oca de um dualético, a fase das disputas políticas terminou em 2002. A partir daquela data, instalou-se a racionalidade no poder — e, pois, opor-se ao governo corresponde a opor-se à razão. Como já disse Marxilena Oiapoque, quando Lula fala, o céu da razão se ilumina.

O jornalista dualético vê o referendo de Chávez
Na Venezuela, um jornalista dualético teria recomendado ao povo votar “sim” no referendo de Chávez porque, do contrário, aquele democrata poderia vir a culpar as oposições por tudo o que não desse certo no país. Sem contar o temor da reação, né?

Um jornalista dualético deve acreditar que, na Venezuela, a oposição teve uma vitória de “mierda”. Já a derrota do bufão foi “gloriosa”, fruto da “coraje”, da “valentía”.

O jornalismo dualético vê o pacto Molotov-Ribbentrop
O dualético analisou também o pacto Molotov-Ribbentrop e chegou à conclusão de que Stálin, o Guia Genial dos Povos, estava coberto de razão. Quando advertiram o despóta bigodudo que o déspota bigodinho não cumpriria o acordo, o dualético não acreditou. Quando lhe disseram que a Alemanha tinha acabado de romper a linha, atribuiu a informação aos serviços de espionagem anglo-americanos.

O jornalismo dualético vê os 300 de Esparta
Os 300 de Esparta, não sei se sabem, eram 301. Entre eles, havia um filósofo dualético. Leônidas lhe perguntou, à luz do “dualética”, se fazia sentido ou não resistir ao avanço persa. Ele, muito realista, disse o óbvio: “É claro que não, senhor. O negócio é a gente se render agora. Eles são bem mais fortes, e lutar contra um inimigo mais forte não é coragem, mas burrice”. Leônidas achou que valia a pena ser burro, mas não passar por covarde. Coisas da história. O dualético não lutou. Saiu correndo, todo mijadinho.

O jornalismo dualético vê o Pacto de Munique
Um jornalista dualético, ao analisar o Pacto de Munique, chegou à conclusão de que Chamberlain e Daladier fizeram muito bem em assinar o acordo com Hitler porque, afinal, é sempre preferível evitar a guerra. Estava entusiasmado quando Chamberlain chegou a Londres, saudado pelas massas, em nome da paz. O dualético ainda deu um pito num tal Churchill, do DEM, que proferiu a sentença sobre os dois líderes: “Entre a guerra e a desonra, preferiram a desonra, e terão a guerra”. Dualéticos não gostam de radicalismo.

O jornalista dualético vê a história dos Três Porquinhos
Um jornalista dualético também é muito pragmático. Razão por que a sua história dos Três Porquinhos só tem Lobo Mau. Eu explico. Quando o carnívoro apareceu, o dualético convenceu Prático, o porquinho mais inteligente, a entregar Cícero, o mais preguiçoso. O argumento racional era o seguinte: “A gente salva dois e entrega um. Melhor do que nada”. Mas o Lobo, vocês sabem, é um mau-caráter. Voltou e pediu Heitor. O dualético disse a Cícero: “Sejamos realistas”. E o Lobo papou também o outro. Acostumado à carne fácil, partiu pra cima de Cícero. “O que eu faço agora, Jornalista Dualético?” Ao que o outro respondeu: “Não sei. Não temos mais porquinhos para entregar”. E Cícero sífu, coitado...

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