domingo, 2 de dezembro de 2007

Como diria o cara da propaganda, "eu sou você amanhã"

extraído do Economist:
“MARIA”, a teacher in Tver, near Moscow, felt ashamed when she told her 15-year-old pupils to join a rally in support of President Vladimir Putin before the parliamentary election on Sunday December 2nd. The order came from the local administration, staffed by members of the pro-Kremlin United Russia party. “I would not have lost my life or even my job if I had not followed the order. But I felt I could not refuse it, perhaps because I am not a free person. Ten years ago I would have told you my real name,” she sighs. Her pupils later learnt from television that they had joined in an “outburst of patriotic feeling”.

"Maria", uma professora em Tver, perto de Moscou, se sentiu envergonhada quando disse aos seus alunos de 15 anos para se unirem a um protesto em apoio ao presidente Vladimir Putin antes da eleição parlamentar no domingo, 2 de Dezembro. A ordem veio da administração local, composta por membros do partido pró-Kremlin Rússia Unida. "Eu não teria perdido minha vida, nem mesmo meu emprego se eu não tivesse seguido a ordem. Mas eu achei que eu não poderia recusar, talvez porque eu não seja uma pessoa livre. Há dez anos atrás eu lhe teria dito o meu nome verdadeiro", disse ela. Mais tarde seus alunos aprenderam com a televisão que eles haviam se juntado à uma "explosão de sentimento patriótico".
O artigo menciona ainda que:
1) A eleição de fachada serve apenas para confirmar que o poder na Rússia está nas mãos de Putin, que presidiu uma bonanza movida pelo petróleo (qualquer coincidência com a Venezuela é mera semelhança).
2) O Kremlin ainda mudou as regras do jogo (de poder), impedindo partidos de formarem coalizões e definindo um percentual de assentos no parlamento para inscrição - na prática mantendo a oposição fora do Parlamento.
3) A TV russa dá cobertura completa ao partido da Rússia Unida e demoniza ("dish dirt on") a oposição.
4) O crescimento econômico da Rússia, iniciado com as privatizações na década de 90 e levado adiante pelo boom petrolífero elevaram o nível de vida e criaram uma sensação de estabilidade, fazendo o presidente Putin genuinamente popular.
5) Quando candidatos oposicionistas (que não puderam se inscrever à eleição devido às novas regras) protestaram em Moscou e São Petersburgo, apanharam da polícia e foram presos - incluindo jornalistas. A televisão russa não mostrou as cenas, nem os discursos da oposição, muito menos mencionou a ilegalidade da ação.
6) O maior medo dos governistas é a baixa participação popular (o voto é facultativo), e por isso Putin tem feito discursos inflamados, culpando os "liberais" que na década de 90 sucatearam a educação, cortaram gastos com defesa e levaram a população à pobreza.
7) Putin tenta a qualquer custo manter-se no poder - agora como primeiro-ministro - porque não pode se re-re-candidatar a presidente, e mesmo um curto espaço de tempo longe do poder pode lhe ser fatal. Agora ele goza de popularidade, mas caso um governante desalinhado com o Kremlin assuma a presidência ou o Parlamento a sujeira pode sair de debaixo do tapete.

Ainda bem que Deus é brasileiro e que nunca na história deste país tivemos vizinhos tão democráticos.


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